Crescer com mais inovação e não à custa de baixos salários
Falando num debate em Coimbra, após a cerimónia de atribuição do doutoramento ‘honoris causa’ ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, António Costa, começou por afirmar na sua intervenção que Portugal “está muito grato” à União Europeia, lembrando aos muitos jovens, que enchiam por completo o anfiteatro do Teatro Académico Gil Vicente, que podiam dar-se por “muito felizes por não terem conhecido o país antes de 1986”, ano de adesão de Portugal ao projeto europeu.
Para o primeiro-ministro, as vantagens de participar no projeto europeu desde há 31 anos, trouxeram a Portugal um conjunto muito largo de contribuições e de benefícios que têm “superado largamente”, e que certamente vão continuar a suplantar de futuro, “qualquer problema que possa surgir”.
Com o presidente da Comissão Europeia e o comissário europeu, Carlos Moedas, a seu lado, o primeiro-ministro, António Costa, foi claro ao garantir aos muitos jovens instalados na plateia que a imagem que hoje o país goza junto dos seus parceiros europeus “não tem qualquer comparação” com a ideia que a Europa tinha de Portugal há 30 anos, não deixando contudo de assinalar que permanecem por resolver e ultrapassar “algumas dificuldades”, o que não invalida, como referiu, que as “vantagens e mais-valias” alcançadas por Portugal, ao longo destas mais de três décadas, não sejam “incomparavelmente superiores “ quando comparados com os problemas que surgiram ou que possam vir ainda a surgir de futuro.
O primeiro-ministro sustentou ainda a tese, que vem defendendo há muito, de que Portugal “é seguramente” um dos países membros da União Europeia “menos críticos em relação à construção do projeto europeu”, assegurando que este facto é suportado em “boas razões”, designadamente, como aludiu, no facto de 85% do investimento público que existe no país resultar de fundos comunitários, ficando apenas 15% reservados a fundos nacionais.
Para António Costa, se há país que tem “bons motivos” para se regozijar com a adesão à União Europeia, “esse país é Portugal”, reforçando a ideia antes deixada de que os fundos comunitários não permitiram apenas construir “as grandes autoestradas”, mas que serviram também para ajudar a modernizar a “agricultura e todo o sector educativo”, para além do contributo decisivo que deram para “aumentar o nível de investimento empresarial”.
O primeiro-ministro aproveitou ainda a ocasião para defender que o crescimento económico dos países da União Europeia se faça com base na construção de pontes entre a produção de conhecimento e o sistema empresarial e não “à custa de baixos salários e da precarização laboral”.