COP 21 – SIM, MAS…
Já assisti a algumas COP, incluindo à de Copenhaga, cujas elevadas expectativas resultaram num rotundo fracasso. A má memória dessa catastrófica conferência como que exigia que a de Paris fosse bem-sucedida. Esta era, dizia-se, a última oportunidade para salvar a Terra. Parafraseando Almada Negreiros, também em relação às alterações climáticas já todas as palavras foram inventadas para salvar a humanidade, só falta mesmo salvá-la.
É sempre possível e desejável fazer mais e melhor. De Paris saíram, no entanto, sinais claros de uma vontade quase universal de limitar o aquecimento global abaixo dos 2 (desejavelmente 1,5) graus centígrados em relação à era pré-industrial. Para se alcançar esse objetivo, as partes acordaram, em linhas gerais, antecipar a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, travar as emissões de CO2, rever os planos nacionais e financiar os países em desenvolvimento nas suas políticas de adaptação e mitigação climática.
Merece destaque o facto de, pela primeira vez, a China, o maior consumidor mundial de carvão, se comprometer a limitar as suas emissões de gases com efeito de estufa. Também os Estados Unidos, a Índia e a Rússia – que com a União Europeia (responsável por 10% das emissões mundiais) representam os cinco maiores produtores de CO2 – aceitaram reduzir as suas emissões. Como aconteceu nas anteriores COP, o exemplo vem da EU que apresentou metas ambiciosas, vinculativas e calendarizadas: redução de 40% das emissões com efeito de estufa até 2030, tendo como termo de comparação 1990 e não 2005 ou outras datas sem sentido, mas muito convenientes para iludir os esforços requeridos.
Portugal pode dar um importante contributo para se “caminhar para uma economia verde, de baixo carbono”, como é referido no programa eleitoral do PS, tendo em conta as boas práticas dos governos socialistas e da Câmara Municipal de Lisboa e os ambiciosos objetivos anunciados, designadamente, em relação à reabilitação urbana e melhoria da eficiência energética dos edifícios, às energias renováveis com aproveitamento do nosso potencial solar, à política de mobilidade assente no incremento dos transportes públicos e dos carros elétricos, etc. O combate às alterações climáticas é sem duvida o maior desafio que se coloca a todos nós e para o qual estamos todos convocados.