Confiança na TAP
Durante esta legislatura, e cumprindo o programa assinado com os nossos credores, o Estado Português privatizou – nalguns casos na totalidade – um conjunto vasto de empresas tais como a REN, EDP, CTT e a ANA. Neste último caso, para além do acordo inicial que permitiu ao Estado encaixar num primeiro momento centenas de milhões de euros com a contrapartida de aumentar as taxas aeroportuárias em função do aumento de passageiros, uma verdadeira aberração em termos de competitividade aeroportuária, pouco se conhece sobre que mais valia trouxe o novo acionista. Aliás, as poucas informações apontam em sentido contrário, nomeadamente o divórcio crescente entre a atual administração e o novo acionista.
Voltando à TAP, e censurando antecipadamente a atitude suicidária dos pilotos nesta greve de 10 dias, sabemos bem que o problema da companhia é um problema de tesouraria e não de viabilidade económica. Um problema de tesouraria associado quer à empresa de manutenção no Brasil, cujo efeito cambial de valorização do real engordou as perdas, quer à dificuldade de recebimento de 2 importantes geografias: Angola e Venezuela. Estima-se em cerca de 150 milhões de euros de dívidas destes países. Daí que concordando diria que a empresa precisa de ser capitalizada para garantir a tesouraria em falta.
Agora quanto à viabilidade económica ela existe e recomenda-se. Em primeiro lugar, pelo histórico da empresa. Desde que esta administração tomou posse há década e meia, apenas em 2008 e 2014, e por motivos conhecidos, a empresa apresentou meios libertos negativos.
Quanto ao futuro, a viabilidade económica encontra respostas muito aceitáveis quanto aos indicadores de exploração: no preço dos combustíveis – com a previsível revolução energética que assistiremos nos próximos anos; na manutenção da frota de aviões – com idade média igual à Lufthansa e inferior à Air France-, na desvalorização do real, importante fator de viabilidade da empresa de manutenção do Brasil; na qualidade dos seus recursos humanos.
Em suma, a TAP, a nossa bandeira no mundo merece discussão. Merece que nos entendamos quanto ao seu futuro. Não merece ser vendida à pressa, sem discussão, como se de um facto consumado se tratasse. Tratar assim a TAP cheira a interesse, não cheira é a interesse nacional.