Compra conjunta garante a Portugal as vacinas necessárias e em condições mais vantajosas
“Todos somos mais fortes se a negociação for feita pela Comissão Europeia em nome de todos e não cada um por si. Desta forma, vamos ser mais fortes, vamos obter a quantidade necessária e seremos também mais fortes no objetivo de ter o melhor preço”, disse o primeiro-ministro na passada sexta-feira, em Lisboa, durante a conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
António Costa não tem dúvidas de que este modelo é melhor do que “se Portugal negociasse sozinho a compra de vacinas, em concorrência com a União Europeia, seguramente pagaria mais e não teria mais vacinas”.
O primeiro-ministro defende que, apesar da necessidade de vacinar a população rapidamente, não se deve comprar “uma vacina qualquer” que possa comprometer o “fator de segurança”, pelo que as vacinas a adquirir e a administrar aos portugueses devem estar aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA).
“Temos de ter vacinas rapidamente e foi feito um grande esforço pela EMA para agilizar o processo de licenciamento, mas sem sacrificar o fator segurança. Não queremos ter uma vacina qualquer, queremos ter uma vacina que a EMA ateste como sendo segura e efetiva para o objetivo pretendido”, sublinhou.
Assim, “aquilo que os governos têm de explicar – e as pessoas compreendem – é que o esforço que tem sido feito pela Comissão Europeia é extraordinário. Graças a esse esforço já temos milhões de cidadãos europeus que já receberam pelo menos a primeira dose da vacina e para a semana vão receber a segunda dose”, avançou António Costa.
O líder socialista não deixou de advertir, no entanto, que irá demorar tempo até ser alcançada a imunidade de grupo, pelo que é fundamental “gerir a ansiedade” e manter “uma grande disciplina”.
“Temos de saber gerir a ansiedade. Para que tudo corra bem, a Comissão Europeia tem de continuar a comprar em nome de todos os Estados-membros, distribuir em nome de todos no mesmo dia de acordo com a sua população, e cada Estado-membro tem a liberdade de organizar o seu próprio plano de vacinação. Isto implica uma grande disciplina para chegarmos à meta que todos ambicionamos de ter imunidade de grupo, mas isso vai levar meses”, afirmou António Costa.
Face à complexidade e dimensão global do processo de vacinação, António Costa apontou também que é possível que se registem “incidentes”, nomeadamente ao nível do fornecimento e distribuição das vacinas, razão pela qual Portugal decidiu ter uma reserva para garantir a segunda dose que assegura a eficácia da vacina.
“É um processo que vai durar vários meses e, naturalmente, podem existir incidentes nas cadeiras de fornecimento, quer com origem nas fábricas, quer no circuito de transporte, ou, ainda, no local de receção. Por isso, Portugal tomou a decisão de só administrar metade das doses recebidas para assim constituir uma reserva para a segunda dose”, explicou o primeiro-ministro.
Deste modo, acrescentou, “evita-se o risco de o processo de vacinação não ficar concluído por causa de um incidente”. “É uma recomendação que faço relativamente a vacinas que requerem duas doses e tem um prazo determinado para essa segunda dose ser aplicada”, concluiu António Costa.
Certificado europeu de vacinação
No sentido de permitir a livre circulação no espaço da União Europeia (UE) das pessoas vacinadas contra a Covid-19 e que, por isso, estão imunes e não constituem risco de contágio do novo coronavírus, o primeiro-ministro avançou também a proposta de criação de “um certificado homogéneo” adotado por todos os Estados-membros da UE.
“Há várias formas de harmonizar critérios: pode ser o atestado de vacinação ou o teste negativo. Nesta reunião com a Comissão Europeia, insisti que o certificado de vacinação deveria ser homogéneo e aprovado tão rapidamente quanto possível”, defendeu António Costa.
O líder socialista considera essencial que seja “assegurada uma forma de que a liberdade de circulação na União Europeia seja fluida e nenhum país tenha necessidade de voltar a fechar fronteiras para prevenção da pandemia”.
“A liberdade de circulação é uma das maiores mais valias da União Europeia. Para Estados-membros como a Grécia ou Portugal, onde a atividade turística é particularmente importante, é essencial que todos se sintam seguros para acolher de braços abertos” que nos visita e também “aqueles que queiram viver ou trabalhar” em Portugal ou em qualquer país da UE, concluiu António Costa.