Chumbo da audição de Carlos Costa revela contradição de PSD e CDS
O PSD e o CDS votaram hoje contra a admissão do pedido do PS para audição, com caráter de urgência, do governador do Banco de Portugal, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa para obter esclarecimentos sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), designadamente sobre o processo de recapitalização de 2012 e desenvolvimentos subsequentes.
O PS lembra que o argumento dos partidos da direita foi o de que vai ser constituída uma Comissão de Inquérito à CGD, considerando desnecessário ouvir o Governador do Banco de Portugal, precisamente o órgão máximo responsável pela fiscalização de todo o sistema bancário.
Para o PS trata-se de “uma decisão lamentável” apenas compreensível como “mais uma evidência do desinteresse do PSD e do CDS em esclarecer, de facto, a situação da CGD, ouvindo na Comissão, quanto antes, o responsável pela estabilidade financeira.
Situação da Caixa exige esclarecimento urgente
Os deputados do PS na Comissão de Orçamento e Finanças tinham pedido ontem a audição parlamentar urgente de Carlos Costa, para prestar esclarecimentos sobre a evolução da situação de liquidez da Caixa Geral de Depósitos, desde o momento da sua recapitalização até ao presente.
Segundo o deputado João Galamba, primeiro subscritor do requerimento socialista, é “importante” que o governador do Banco de Portugal, “responsável máximo pela estabilidade do setor financeiro e “um dos principais responsáveis pelo segundo pilar do programa de ajustamento da troica que dizia respeito à estabilidade do setor financeiro”, esclareça os “contornos” da recapitalização da Caixa.
João Galamba considera que é necessário que Carlos Costa explique as razões pelas quais quatro anos depois de ter sido feito um “levantamento exaustivo da situação” do banco e das necessidades de capital se perceber que o “problema do setor financeiro português não está resolvido e que a Caixa “tem necessidade de capital”.
“É da maior importância que o governador esclareça a situação concreta do banco e o que se passou nestes últimos quatro anos”, acrescentou.
Na exposição de motivos, os deputados do PS lembram que “nos últimos tempos tem-se assistido a uma proliferação de notícias veiculadas pela Comunicação Social relativamente às necessidades de capital da Caixa Geral de Depósitos, designadamente a uma especulação sobre as necessidades e qual sua origem”.