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CGD – ALGUMAS ILAÇÕES

CGD – ALGUMAS ILAÇÕES

A primeira e grande ilação a extrair desta história da Caixa é a que nunca justificaria tanto ruído. Quando o debate em Portugal se centra em torno de um banco - ou mais grave, ainda, dos salários dos seus administradores - é caso para nos interrogarmos, seriamente, sobre a capacidade de alguns dos nossos agentes políticos, mormente da oposição - em particular do PSD - os grandes responsáveis pela degradação a que me refiro.

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O cumprimento do programa do Governo, o Plano Nacional de Reformas, o combate ao desemprego e a erradicação da pobreza, sem dúvida muito mais importantes do que um banco, passam ao lado das preocupações de Passos Coelho. Talvez porque se tivesse convencido de que era capaz de derrubar o Governo com a polémica da Caixa. Se assim foi, é caso para dizer que o líder do PSD vive de ilusões, como já tínhamos visto com a anunciada chegada do diabo, que nunca chegou. De ilusão em ilusão, até à derrota final.

O primeiro-ministro fez bem em manter o salário de Paulo Macedo – uma escolha inteligente que retirou argumentos à direita – igual ao de António Domingues. Não é uma questão nominal, como disse António Costa, mas do cargo em si. É o vencimento do Presidente da CGD e não das pessoas que desempenham essas funções. O salário do Presidente da República é sempre o mesmo, qualquer que seja o inquilino do Palácio de Belém, não é Marcelo? Por outro lado, Costa reafirmou a autoridade democrática do seu Governo, que é quem governa. Apesar das discordâncias que havia, o primeiro-ministro viu-as minimizadas, porque o BE e o PCP vão juntar-se ao PS para chumbarem a proposta do PSD que visa travar os salários. A maioria de esquerda continua coesa e unida, sabendo ultrapassar divergências de circunstância e algumas até de fundo. A palavra geringonça já não tem o mínimo sentido. Devia desaparecer do nosso vocabulário. 

Mariana Mortágua diz que a proposta do PSD é hipócrita, porque este partido já teve três oportunidades para mudar a lei. E, além disso, o PSD, quando esteve recentemente no poder, chegou a aumentar gestores públicos em 75 e 100 por cento, no que constituiu um autêntico escândalo! É como se fosse um feijão frade – tem duas caras. Noutra perspetiva, o ministro das Finanças, Mário Centeno, sai reforçado deste processo, tanto mais que, erradamente, o diziam fragilizado. Nunca é de mais sublinhar o excelente trabalho que tem feito à frente da pasta das Finanças. O país deve-lhe muito. Se o primeiro-ministro é o vencedor, o grande derrotado é Passos Coelho. Com a economia a crescer e a polémica da Caixa no seu epílogo – pelo menos, não voltara a ter tanto mediatismo, salvo qualquer imprevisto – o líder do PSD fica de mãos a abanar. Não será melhor ir-se embora? Os portugueses ganhavam com isso.