Celebrar o futuro com novas e diversificadas parcerias tecnológicas e científicas
António Costa falava perante centenas de portugueses e de lusodescendentes, numa ocasião que aproveitou para deixar claro qua a sua visita não visa apenas assinalar o passado neste mês de Portugal nos Estados Unidos, mas também e sobretudo o futuro, em especial na Califórnia.
“Parte importante da inovação tecnológica, que serve de base às nossas economias e às sociedades modernas, encontrou neste Estado o seu berço”, recordou, garantindo que o nosso país “quer fazer parte desse futuro partilhado”, pelo que foi encetada já uma colaboração com empresas e organizações com sede na Califórnia.
Neste contexto, Costa indicou ter pela frente um extenso programa de contactos, “naturalmente com a comunidade portuguesa, mas também com as entidades oficiais, com instituições académicas e científicas, assim como com o setor empresarial”, especificou.
Na sua intervenção, cuja parte final foi proferida em inglês, o primeiro-ministro recorreu à história para sustentar a ideia da profunda integração dos portugueses que emigraram ao longo de vários séculos para a Califórnia.
O líder do Executivo português aplicou depois o conceito de “nova fronteira” aos objetivos de modernização de Portugal no presente.
“Queremos avançar na inovação, nas qualificações e no conhecimento. A comunidade portuguesa da Califórnia será parte desse futuro que queremos construir”, enfatizou.
Mais 25 mil empregos científicos no setor privado
Antes, em Boston, o primeiro-ministro tinha apontado como meta do Governo português a criação de 25 mil empregos científicos no setor privado até 2030, sublinhando que as universidades portuguesas já trabalham com os melhores centros do mundo.
Durante o discurso que proferiu no final de uma visita ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), na qual esteve acompanhado pelo ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, António Costa resumiu a estratégia do Executivo português no domínio científico, particularmente no que respeita à cooperação com instituições internacionais.
No caso do MIT, até 2030, haverá “um investimento público na ordem dos 120 milhões de euros”, dos quais 60 milhões de euros aplicados em Portugal.
“Haverá também o investimento das empresas nelas próprias, que se comprometeram a duplicá-lo em investigação e desenvolvimento”, adiantou, acrescentando que estas linhas de ação contribuem para concretizar o objetivo mencionado de criar 25 mil postos de trabalho em Portugal no setor privado.
De seguida, considerou que a renovação da parceria com o MIT, até 2030, “vai permitir continuar a desenvolver a formação em áreas tão diversas como a energia, as alterações climáticas, construção, novos materiais, bioengenharia ou gestão de transportes”.
“Há um universo enorme para descobrir e a cooperação científica é uma das grandes alianças que podemos estabelecer entre Portugal e Estados Unidos. Se estamos hoje a conseguir atrair empresas como a Google ou a Mercedes, é porque o país dispõe de quadros com alta qualificação. E temos de continuar a investir”, frisou.
Inteligência artificial
Também no MIT, o primeiro-ministro lançou o “programa 20/30” de cooperação desta instituição norte-americana com universidades portuguesas, que terá como principal componente, na próxima década, a área da inteligência artificial.
“O futuro chega mais cedo do que o previsto. Só os que se prepararem para o futuro podem beneficiar”, declarou António Costa.
Recorde-se que, desde 2006, quando começou o programa de cooperação entre o MIT e a Fundação para a Ciência e Tecnologia, já passaram pela instituição norte-americana cerca de 1.100 estudantes portugueses.
O primeiro programa, que agora termina, esteve mais vocacionado para as áreas da bioengenharia, energia, transportes e materiais de manufatura. O domínio da investigação energética continuará a ser uma componente central no segundo programa até 2030.
Em Providence, António Costa manifestou ainda a sua confiança na solidez futura das relações entre Portugal e os EUA, salientando o “amor” que ambos os países partilham pela liberdade e a democracia.