Ao discursar esta terça-feira na sessão que o partido promoveu para assinalar os 50 anos do 25 de Novembro, Alegre referiu-se à data como “uma vitória do 25 de Abril” na qual se deu uma reposição do seu espírito democrático e da sua matriz plural.
Na ocasião, aproveitou para destacar que o 25 de Novembro representa igualmente “uma derrota daqueles que, mais à direita, pensavam fazer de Portugal um novo Chile”, referindo-se assim ao risco real de uma deriva autoritária no país que chegou a ameaçar o processo revolucionário.
Neste contexto, destacou igualmente o papel determinante desempenhado por Mário Soares no desfecho daquele momento crítico, classificando-o como “o rosto político do 25 de Novembro” e figura indispensável na recomposição institucional que garantiu a continuidade do regime democrático.
“O 25 de Novembro é uma vitória do Grupo dos Nove no plano militar – Costa Gomes, Ramalho Eanes, Vasco Lourenço –, o rosto civil, o rosto político do 25 de novembro é Mário Soares”, acrescentou, saudando a conjugação de esforços militares e civis que travou a escalada de confrontação.
Embora reafirme o significado histórico da data, o histórico socialista fez questão de estabelecer uma distinção clara entre o 25 de Novembro e o 25 de Abril.
O primeiro, disse, “derruba um regime, derruba um Estado”.
“O 25 de Novembro não derrubou nada. Derrotou a linha política dos gonçalvistas e do PC, mas não derrubou sequer o governo, não derrubou o Conselho da Revolução, nem nenhum dos órgãos institucionais”, clarificou, destacando, porém, que o 25 de Novembro foi essencial para “corrigir os desvios que foram introduzidos no 25 de Abril”.
De seguida, lembrou que o PS, “desde o princípio, levantou a bandeira da resistência contra o projeto totalitário e fê-lo, durante muito tempo, sozinho”.
E enfatizou que o 25 de Novembro é um motivo de orgulho para os socialistas.
“Nós estamos aqui como vencedores, com humildade democrática”, frisou, sublinhando ainda que o 25 de Abril permanece “a data fundadora, a data irrepetível, a data de que nasceram todos os outros”.