CASTELO BRANCO
A imprevisibilidade da vida é isso mesmo: não previsível. Numa fração de segundo, tudo se pode alterar. Quando nascemos, não vimos acompanhados de bula ou folheto explicativo que no informe de como iremos viver e durante quanto tempo por cá andaremos. Vimos ao mundo sem guião de vida nem desfecho anunciado. E com uma só certeza. Parafraseando Alberto Caeiro, há duas datas incontornáveis na biografia de qualquer ser humano – a da nascença e a da morte. Mas não é por ser certa que a morte é menos inesperada e abrupta. E que não é fonte de angústia e sofrimento.
O percurso do Castelo Branco é revelador da sua dedicação aos outros, ao trabalho e à política. Homem de causas e solidário, profissional competente e dedicado, o Castelo Branco era um cidadão exemplar e um homem bom. Ao revisitar estes anos de convívio quase diário na redação do Acção Socialista, emergem e ganham forma as suas qualidades: discreto no falar e no agir, de sorriso franco e tímido, entusiasmava-se com os temas que o motivavam: uma capa apelativa, um texto bem escrito, uma boa foto, os êxitos e a história do PS. Ele era a memória viva do jornal. Vai-nos fazer muita falta, faz-nos muita falta, o colaborador responsável e disponível, o camarada e amigo incansável e generoso .
A redação do AS está de luto. Em meu nome pessoal e de toda a equipa endereço à mãe do Castelo Branco as mais sentidas condolências, lembrando o grande socialista respeitado por todos e que nos deixa boas recordações.
Em memória do Castelo Branco que gostava muito de poesia:
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes