Candidato da direita arrisca-se a perder à segunda volta
Para o autarca de Lisboa, ao contrário do que tem sido habitual nas anteriores campanhas eleitorais para a eleição do Presidente da República, a direita apresenta nas atuais, um candidato que tudo tem feito e dito para se distanciar, o “mais possível”, da sua base tradicional de apoio.
Fernando Medina diz compreender a estratégia que Marcelo Rebelo de Sousa tem seguido ao querer estabelecer uma distância confortável em relação aos partidos da direita que acabam de perder a maioria absoluta nas legislativas de 4 de outubro, mostrando mesmo algum desconforto em aceitar apoios públicos dos dirigentes do PSD e do CDS.
Mas esta escolha, diz o autarca, coloca uma dificuldade acrescida ao candidato da direita, recordando que a norma seguida em anteriores campanhas tem sido os candidatos tentarem consolidar o seu eleitorado e só depois partirem à procura de conquistar o eleitorado que se situa nas franjas e ao centro.
Com este exercício, Marcelo Rebelo de Sousa, sustenta o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, está numa estratégia “de tudo ou nada: tem de ganhar à primeira volta porque se for obrigado a ir a uma segunda volta terá sérias dificuldades em vencer”.
Com as propostas dos restantes candidatos a receberem um crescendo de aceitação por parte do eleitorado, o que se tem vindo a verificar, observa o autarca, é que a postura e a mensagem política de Marcelo Rebelo de Sousa se está a “deslocar” do seu espaço político natural, a tal ponto, como salienta, que há já quem o acuse de se estar a afastar da sua tradicional base de apoio.
Marcelo tenta passar a mensagem, diz Fernando Medina, que não é o candidato da direita e que nada ou muito pouco tem a ver com as políticas e os partidos da anterior maioria PSD/CDS”, pretendendo assim deslocar a sua candidatura para terrenos mais à esquerda.
Mas esta estratégia confronta o candidato Marcelo com o seu passado de comentador, “apesar das prudências que possa ter tido”, na altura e sobretudo nos tempos mais recentes. A verdade, diz Fernando Medina, é que é muito fácil termos acesso ao registo da sua opinião expandida ao longo de muitos anos como comentador televisivo, e verificar quer “as suas opiniões, quer muitas das suas omissões”.
Aeroporto está a atingir os limites
Outros dos temas abordados foi sobre os limites a que está a chegar o aeroporto de Lisboa que atingiu, no ano passado, os 20 milhões de movimentos de passageiros e o reflexo que o fenómeno pode vir a ter para o futuro da cidade.
Com efeito, ao contrário do que há pouco tempo muitos afirmavam, de que atingir um movimento de 20 milhões de passageiros no aeroporto de Lisboa era coisa para algumas décadas o certo, como lembrou Fernando Medina, “é que esse número foi já atingido em 2015”.
Um fenómeno que se explica, como lembrou, porque nos últimos três anos o movimento de passageiros no aeroporto da Portela “cresceu cerca de cinco milhões”.
Ora esta crescente procura pela cidade, sustenta o autarca da capital, resulta em primeiro lugar do facto de Lisboa ser hoje um dos destinos turísticos com maior atratividade na Europa, o que justifica que esteja a bater recordes no aumento da procura turística desde há seis anos consecutivos, e, por outro lado, decorre também da flexibilidade que existe nas chegadas por via aérea à capital.
Fernando Medina é perentório a afirmar que o aeroporto de Lisboa “está a chegar aos seus limites”, havendo necessidade de assegurar novas condições e novos equipamentos para receber um número de passageiros e de visitantes que, tudo o indica, será cada vez maior.
Nesta perspetiva defende que há toda a necessidade de se saber “tão rápido quanto possível” e de “forma clara” se o país tem condições para fazer novos investimentos, quer ao nível das estruturas aeroportuárias, quer na modernização da cidade de Lisboa, e isto, afirma, se de facto “queremos assegurar que esta dinâmica não pare e que se possível possa subir exponencialmente”.
Ao ter superado os 20 milhões de passageiros em 2015, número que se aproxima do limite de 22 milhões definido pela Vinci e pelo Governo para a aeroporto, o país deverá agora encontrar uma alternativa “ a curto prazo” que possa complementar a Portela, avançando, como tudo indica, para a solução da base militar do Montijo para o tráfego europeu, onde as companhias de baixo custo deverão passar a ter a sua base de implantação.