Calendários retroativos
A economia crescia a 1,5%, o défice aguentaria sempre abaixo dos 3%, com umas secretas reservas orçamentais, a devolução da sobretaxa estava garantida a 35% para este ano, com perspetivas de alcançar os 50%: A uma semana das eleições Passos Coelho proclamava “sabemos hoje que estamos em condições, em 2016, de cumprir essa norma do orçamento” (a promessa de devolução no início de 2016, de “uma parte importante” da sobretaxa de 2015). O próprio Presidente colaborou graciosamente na farsa, declarando que de acordo com estimativas do seu gabinete, a evolução das finanças públicas não só apontava para o cumprimento dos objetivos do défice de 3%, como iria permitir alguma redução da sobretaxa que os Portugueses iriam pagar. Cauteloso, concedia que, sendo uma boa notícia, haveria que esperar até ao fim do ano. De Paulo Núncio nem vale a pena falar, depois de frustradas as promessas, ele teve o desplante de culpar os contribuintes: “houve da parte dos contribuintes uma perceção errada do que dizia o Governo em relação à sobretaxa”. A ideologia da maldição da vítima no seu pleno.
Agora que o poder passou para a esquerda, a defunta coligação agarra-se a calendários de efeito retroativo. Os dados económicos do segundo trimestre (Julho a Setembro) começam a decair no brilho, a culpa é do PS, muito antes de haver eleições. A confiança na economia regressou aos valores de Fevereiro e a dos empresários a valores de Abril? A culpa é do PS que está a gerar instabilidade nos mercados, como pretende o CDS/PP, ainda em pleno fervor eleitoralista.
A Oposição começa pela mentira a sua via crucis. Tenham paciência, meninos e meninas. A vida não é como a pintam, mas como a realidade a conforma.