Caldas da Rainha: Capital Europeia da Cultura 2027
Os seus objetivos iniciais, que foram frequentemente criticados pela sua superficialidade, ganharam amplitude, centrando-se, hoje, na salvaguarda e valorização da diversidade cultural e linguística da Europa, promoção do património cultural comum aos povos europeus, e o reforço da competitividade dos setores culturais e criativos, com destaque para o audiovisual, visando um crescimento inteligente, sustentável, duradouro e inclusivo, sem nunca esquecer o contributo para um maior conhecimento mútuo dos cidadãos europeus e o fortalecimento de uma cidadania europeia.
A manifestação Capital Europeia da Cultura é essencialmente uma iniciativa cultural, mas funciona também como um elemento catalisador para o desenvolvimento integral, e a longo prazo, da cidade em causa e zonas envolventes, produzindo um efeito de alavanca, capaz de as catapultar para níveis de modernidade absolutamente extraordinários.
Portugal já foi contemplado, por três vezes, com o título de Capital Europeia da Cultura: Lisboa 1994, Porto 2001 e Guimarães 2012. A 13 de Junho de 2017, em Bruxelas, foi aprovada a lista dos países que, no período que decorre entre os anos de 2020 e 2033, irão organizar o evento. Em 2027 será novamente a vez de uma cidade portuguesa (juntamente com uma cidade da Letónia).
Nos termos do n.º 2 do artigo 7.º da Decisão n.º 445/2014/UE do Parlamento Europeu e do Conselho (de 16 de abril de 2014), 2021 é a data provável em que o governo nacional publicará, através do seu Ministério da Cultura, o convite à apresentação de candidaturas (pelo que, as cidades interessadas em entrar na corrida, dispõem de quatro anos para elaborarem o respetivo projeto). Poucos dias após o 13 de junho de 2017, Faro, Évora, Leiria, Coimbra, Aveiro, Guarda e Braga, manifestaram publicamente essa intenção. A maioria desses municípios já constituiu equipas técnicas e científicas, que se encontram a trabalhar na construção de uma candidatura que se pretende vencedora.
Na minha opinião, Caldas da Rainha seria, houvesse interesse e empenho autárquico nesse sentido, uma séria concorrente. Desde logo, possuí inúmeros símbolos emblemáticos, tais como: Mais de 500 anos de história; A Rainha D. Leonor; Rafael Bordalo Pinheiro; José Malhôa; As termas; O Parque D. Carlos I; A mata Rainha D. Leonor; A Praça da Fruta; Uma escola superior de artes; E uma costa maravilhosa.
Alguns entenderão, com certeza, que esta cidade não tem a dimensão geográfica suficiente para pensar, sequer, numa candidatura. Acontece que, há muito que este fator deixou de ser determinante. Se, por ventura, dúvidas ainda existissem quanto a essa matéria, bastar-nos-ia consultar o parágrafo 12.º da Decisão atrás referida, onde pode ler-se que: “O título deverá continuar a ser reservado às cidades, independentemente da sua dimensão”. A parte final do mesmo parágrafo aconselha, no entanto, a que, para que se atinja um público mais vasto, as cidades em causa abarquem a sua zona envolvente. E era isso precisamente que deveria fazer-se, trabalhar para uma candidatura em que o centro se situa-se na cidade das Caldas da Rainha, mas com a inclusão de toda a zona Oeste.
Só uma cidade nacional pode conquistar o título que lhe permita, em 2027, organizar o evento, mas todas aquelas que se atrevam a entrar na disputa sairão vencedoras, quanto mais não seja, pela consciência que a comunidade ganhará de si própria, da sua história, do seu património e da sua cultura.
A candidatura do PS encabeçada por Rui Calisto à União de Freguesias de Caldas da Rainha – Nossa Senhora do Pópulo Coto e São Gregório, da qual orgulhosamente fiz parte, divulgou publicamente a proposta para que a autarquia (nas mãos do PSD há 32 anos) avançasse com a candidatura da cidade. Sugestão que foi, até à data, completamente ignorada. Resta-me, assim, torcer para que Coimbra, a minha cidade do coração (desde os tempos de estudante da faculdade de Direito e para sempre), seja a eleita.