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Cabeça fria, meus Amigos

Cabeça fria, meus Amigos

As notícias económicas nacionais não são entusiasmantes. Restos do “Passismo”: em Novembro, tiveram crescimento negativo a construção civil (-0,9%), os serviços (-4,2%), a venda de automóveis (-3%), o consumo de energia (-5%), demonstrando a artificialidade dos resultados económicos da austeridade excessiva e insensata que nos consumiu quatro anos de vida.

Opinião de:

Cabeça fria, meus Amigos

Bem sei que no Natal houve reanimação moderada do consumo, o que deve ter trazido um pequeno crescimento do emprego, dos serviços, em especial turismo e até de algumas exportações. O que só se confirmará em Março. Entretanto, as bolsas asiáticas registaram perdas de 15% em 2015, os BRIC e demais economias emergentes estagnaram, crescem pouco ou até reduzem produto e entre nós as medidas de utilização dos fundos europeus continuam a patinar no lamaçal das mudanças de filosofia, programas e gestores dos fundos comunitários. O Governo elegeu estes desembolsos como política de injecção financeira a curto prazo e fez bem. Tem que limpar os enleios e miasmas que estão a atacar o aproveitamento mais rápido dos fundos.

Mas além destas ameaças externas, parece que gostamos de lhes acrescentar as internas. Enquanto as eleições presidenciais decorrem entre a mansidão voyeur e a abertura de janelas de oportunidades, parece que o País se sentou à janela: vê passar a banda e está ainda hesitante quanto a abri-la para entrar ar fresco na Presidência. A hesitação será breve e pensamos que resolvida a contento do progresso.

Mas o que mais preocupa é a habitual tendência para o maximalismo. Quando nos dão a mão pensamos logo em tomar o pé ao próximo. Depois de demonstrada a vontade e praticado o começo do cumprimento dos compromissos para a nova maioria, haverá sempre quem queira mais, tudo de uma vez. Claro que o caso BANIF não ajuda e destrói a paciência de qualquer mortal, mas vivemos onde vivemos, temos enorme passivo a pagar e por muito que nos salte o corpo para a revolta dos humildes, temos que nos conter, para não perdermos o pé e nos afogarmos. Claro que a Europa está menos arrogante, mais vulnerável nos flancos, a ideologia do martírio já não circula como antes, a esquerda começa a levantar a cabeça e a impor regras. Mas daí até ao suicídio pelo regresso à perda de competitividade, creio que haverá um largo terreiro para entendimento. Ameaças de greves na Função Pública, podem ser uma interessante pressão pré-negocial, mas estão longe de facilitar a vida ao governo de esquerda. O Banco de Portugal também não ajuda, deixou para o novo governo o que deveria ter feito de uma assentada, quando tanta coragem exibiu na destruição do império BES, por dinamitação, sem as paredes salvar. E na área da administração do estado social, onde as notícias serão sempre mesquinhas em anos de erosão por vento e chuva forte, temos que reunir todas as cautelas. Evitar derrapagens além das que herdámos será uma necessidade absoluta. Prevenir conflitos imaginários que fazem perder energias e bom senso, será o mínimo. Modéstia de anúncios e propósitos grandiosos para evitar entradas de leão e saídas de sendeiro, tal como culpar o passado de tudo o que não sabemos solucionar, são doenças infantis que podem ditar vida breve a governo que tanto custou a erguer. Cabeça fria, meus Amigos, receita para todos.