‘Brexit’ oferece oportunidade para localizar serviços e empresas em Portugal
Ao falar na sessão de abertura da Convenção Nacional dos Serviços, António Costa citou o antigo primeiro-ministro e atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para dizer que um político deve essencialmente “evitar criar problemas e transformar os problemas em oportunidades”.
Ora, na sequência das visitas de Estado que realizou à China e à Índia, tornou-se evidente para o chefe do Executivo português que o problema do “brexit”, isto é, da saída do Reino Unido da União Europeia, pode ser encarado como uma oportunidade.
“Portugal pode ser uma excelente plataforma para empresas que estão instaladas na União Europeia e que não têm vontade de sair”, referiu, sublinhando que “será criada uma unidade de missão com o objetivo específico de termos um quadro atrativo para a localização no país de empresas que desejem manter-se na UE e que, por força da legítima decisão dos cidadãos britânicos, não queiram ficar fora”.
Perante uma vasta assistência reunida na Fundação do Oriente, em Lisboa, o governante apontou que esta será também uma forma de Portugal “contribuir para a globalização e para o reforço da própria base económica da União Europeia”.
É ainda, reforçou, “uma boa forma de demonstrarmos que não estamos na União Europeia nem com complexos de sermos um país do sul, mas com o enorme orgulho de sermos um país atlântico e aberto ao mundo, com capacidade de acrescentar valor e atividade económica”.
António Costa procurou também evidenciar as potencialidades de globalização do setor dos serviços, defendendo que Portugal tem uma vantagem competitiva pela sua inserção geoestratégica a nível mundial, tendo uma língua global e laços profundos em todos os continentes.
Diversificar o financiamento das empresas
No seu discurso, o primeiro-ministro afirmou que Portugal está a pagar “uma fatura pesada” por ter adiado a resolução dos problemas do setor financeiro e considerou que ultrapassar esta questão é essencial para o financiamento da economia.
“Felizmente, hoje estamos francamente melhor do que há um ano – e daqui a um mês estaremos melhor do que no presente”, disse, explicando que o adiamento da solução ao problema é uma fatura pesada a pagar, mas “essencial para podermos ter melhores condições para o financiamento da economia”.
Neste capítulo, no entanto, o governante também defendeu que a economia empresarial “não pode assentar só no financiamento bancário”.
Por isso, frisou, “são indispensáveis os mecanismos alternativos de financiamento das empresas, sobretudo das pequenas e médias”
“São também necessários mecanismos de reforço dos capitais próprios das empresas” disse a concluir, numa alusão ao programa Capitalizar, que está a ser lançado pelo Governo.