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Bloco central seria empobrecedor para a democracia e para a escolha dos portugueses

Bloco central seria empobrecedor para a democracia e para a escolha dos portugueses

“Em equipa que ganha não se mexe”. É desta forma que o primeiro-ministro, António Costa, reafirma, na entrevista que hoje é publicada na revista Visão, o seu empenho pessoal quanto à eventual renovação dos acordos à esquerda depois das legislativas de 2019, garantindo que não tomará nenhuma iniciativa para alterar “o que quer que seja” sobre esta matéria.

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Na entrevista que dá à revista Visão, o primeiro-ministro, entre muitos outros temas, aborda a questão da eventual renovação da aliança com os partidos à esquerda do PS, o Bloco Central, ou Serviço Nacional de Saúde, garantindo que caso os incêndios florestais voltassem a atingir este verão as proporções dantescas que atingiram em 2017, não se demitia, alegando que quando “há um problema, a solução não é demitirmo-nos”.

Quando à questão política que envolve a eventual renovação da atual aliança parlamentar com os partidos à esquerda do PS, António Costa foi claro ao garantir que, no que depender da sua vontade, essa aliança será para manter, haja ou não maioria absoluta dos socialistas nas legislativas de 2019.

Sustentando que ninguém tem maioria absoluta por “fazer ou não apelos”, nesse sentido, já que se trata, como realçou, de uma decisão que “cabe inteiramente aos eleitores”, António Costa lembrou a propósito a sua passagem pela liderança da Câmara Municipal de Lisboa, período no qual, como referiu, “governei com maioria, sem maioria, mas sempre com acordos”, cenário que em sua opinião pode e deve ser transponível, de novo, para a gestão do Governo após 2019.

Sobre se manterá ou não no futuro a mesma fórmula política de aliança parlamentar com os partidos à sua esquerda, caso os eleitores deem a maioria dos votos ao PS, António Costa, depois de reafirmar que em “equipa que ganha não se deve mexer”, deixou a certeza de que até ao fim da atual legislatura, “seguramente que iremos cumprir tudo o que está previsto no conjunto das posições conjuntas”, lembrando que um dos “grandes desafios” da política é que “as questões para resolver nunca acabam”, facto que o levou a afirmar não descurar que na próxima legislatura outros desafios e problemas possam ser colocados, garantindo que perante este cenário “iremos certamente apresentar um programa para o efeito”.

Já quanto à possibilidade de se formar um Bloco Central, após as eleições legislativas de 2019, António Costa manifestou a sua total oposição a esta solução, lembrando que sempre defendeu que esta seria uma decisão negativa para a democracia, justificando que não só “empobrecia a democracia como diminuiria a escolha dos eleitores na procura de caminhos alternativos”.

Desafios futuros

Sobre os desafios estratégicos que estão colocados ao país, António Costa, depois de recusar que a questão da regionalização possa ser um tema tabu, mas que certamente, como assinalou, “não é uma palavra desta legislatura, nem será sequer da próxima”, elencou as questões que na sua perspetiva o futuro Governo, a sair das legislativas de 2019, terá de enfrentar, como as relacionadas com as alterações climáticas, as relativas à demografia e à automação e os desafios que esta matéria coloca em relação ao mercado de trabalho, não descorando também, como referiu, o tema da legislação laboral, e as questões relacionadas com a construção da Europa, designadamente em relação às eleições europeias.

SNS está a recuperar investimento

O primeiro-ministro abordou ainda, além de outros temas, como a Justiça, a Economia, Educação e a Europa, as questões do reinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), lembrando que depois de Portugal ter sofrido uma crise financeira “muito profunda”, que foi tratada pelo anterior Governo de direita, como referiu, “com uma terapia de choque austeritária”, designadamente, desinvestindo “continuadamente quer na contratação de recursos humanos, quer na manutenção de equipamentos, quer ainda em investimento em infraestruturas”, era absolutamente natural, como defendeu, que esse desinvestimento “tenha resultado num efeito acumulado”, que se traduz nas dificuldades que o sector hoje ainda sente, mas que não tem impedido, como assinalou, que o Governo que lidera tenha voltado a investir no SNS, tendo já “aumentado a despesa no sector em  cerca de 5% ao ano”. 

Um investimento, como garantiu o primeiro-ministro, que se traduz na prática na contratação de mais 6500 profissionais a trabalhar no SNS em relação aos que existiam em 2015, para além de se ter aumentado “centenas de milhares de consultas e de dezenas de mais intervenções cirúrgicas”, o que significa, como salientou, que havendo hoje “mais meios e mais produção”, não quer dizer que tenham sido ultrapassados todos os problemas que se “foram acumulados” ao longo dos anos de desinvestimento do Governo da direita no SNS.

Contudo, e de forma evidente, segundo António Costa, o Serviço Nacional de Saúde “não está hoje pior” ao contrário do que a oposição quer vender, mas “está melhor”, o que é plenamente comprovado, como defendeu, pelos resultados medidos, quer pela produção, quer pelo número de utentes atendidos, quer ainda pelas intervenções e pelos indicadores internacionais de qualidade, lembrando a este propósito, que em todos os relatórios internacionais, Portugal e o seu SNS, “têm vindo a subir comparativamente com aquilo que era a avaliação em 2015”. 

Quando à recentemente criada unidade de missão para controlar os gastos com a Saúde, impulsionada pelo Governo e envolvendo diretamente os Ministérios da Saúde e das Finanças, o primeiro-ministro lembrou a sua utilidade, evocando um conjunto de razões, desde a necessidade de manter o SNS dentro dos padrões rígidos da sustentabilidade orçamental, até às características específicas do país, onde se verifica uma evolução demográfica envelhecida, mas também, e paralelamente, uma esperança de vida maior, aspetos que estão a criar, como recordou, “novas pressões sobre o conjunto do SNS”.