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As presidenciais e as alternativas socialistas

As presidenciais e as alternativas socialistas

O PS tem quatro militantes como candidatos às eleições presidenciais, entre os quais uma ex-presidente do partido, Maria de Belém (que também foi deputada), e um ex-deputado, Henrique Neto. Nenhum deles recebeu o apoio oficial do partido, apresentando-se ambos como independentes. Maria de Belém conta, porém, com o apoio explícito de atuais e antigos dirigentes do partido, enquanto Henrique Neto, o primeiro a anunciar a candidatura, se posicionou no passado, frequentes vezes, contra o partido, em particular contra José Sócrates e o então governo socialista.

Opinião de:

Balanço do Governo

Na área socialista cabe também outro candidato, Sampaio da Nóvoa, esse sim independente de ligações partidárias mas apoiado formalmente pelos dois anteriores presidentes da República socialistas, Mário Soares e Jorge Sampaio, para além de atuais e anteriores dirigentes do partido. 

Temos, assim, que aos militantes socialistas não faltam alternativas de escolha, tanto mais que o secretário-geral, António Costa, não deu qualquer indicação de voto aos militantes, mantendo o partido afastado de um apoio oficial a qualquer dos candidatos.

Ora, quem esteja a acompanhar os debates que estão a decorrer certamente já constatou como foi acertada a decisão de não vincular o PS à candidatura de qualquer dos seus militantes. O debate que colocou frente-a-frente Maria de Belém e Henrique Neto foi, a esse título, elucidativo. Nesse debate assistiu-se, com perplexidade, àquilo a que vulgarmente se chama “luta de galos” entre dois socialistas. De um lado, um Henrique Neto que se autodefine como um candidato “fora do sistema”, um “visionário” capaz de prever os acontecimentos, qualidade que exibe, baseado num livro que escreveu, como a sua mais-valia para ser presidente da República. A marginalidade a que se votou, como candidato antissistema, leva-o a uma inusitada agressividade verbal contra os candidatos da sua área, Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa.

Quanto a Maria de Belém, falta-lhe convicção, segurança e carisma, qualidades que não se aprendem. Apesar da experiência que invoca e indiscutivelmente detém, nos cargos que exerceu não deixou marca que se imponha.

Resta Sampaio da Nóvoa, o candidato mais autêntico destas eleições, aquele que para além de ter sido capaz de reunir à sua volta figuras de prestígio nacional, tem sabido mostrar como a sua cultura, a sua visão do país e a sua experiência na direção de uma Universidade, na gestão de projetos e na coordenação de pessoas, podem ser úteis num presidente da República. 

Revela-se assim sábia a decisão de António Costa de deixar aos socialistas o caminho livre para a escolha de alguém como Sampaio da Nóvoa.