As pessoas estão a viver melhor
Um partido em alvoroço é como a imprensa amiga, e por isso insuspeita, descreve a situação nos que de sociais-democratas só têm o nome. Passos Coelho tem os dias contados. O recente elogio de Marcelo a António Costa e ao acordo de esquerda deve ter sido a sentença de morte do líder do PSD, que, aliás, já estava moribundo. Quando o Presidente manifestou a sua preferência por Luís Montenegro fragilizou bastante Passos Coelho. A guerra da sucessão no interior do PSD, que parece inevitável, vai fazer com que este partido se afirme cada vez menos como uma alternativa credível e beneficiará ainda mais eleitoralmente o PS. O PSD deve estar, assim, condenado a uma longa travessia do deserto.
De todos os presumíveis candidatos à liderança, o que me parece melhor é Rui Rio. Não está comprometido com a política de austeridade de Passos, tao gravosa para os portugueses, e tem uma ótima relação com António Costa, potencialmente geradora de consensos, muito ao gosto do nosso Presidente e também do PS. Maria Luís Albuquerque e Luís Montenegro seriam mais do mesmo – a primeira foi ministra de Passos, o segundo apoiou na Assembleia da República a política deste. Marques Mendes que, como comentador, é uma versão em miniatura de Marcelo, porque não chega aos calcanhares do atual Presidente, diz tanto disparate que duvido bastante que os militantes do PSD o quisessem para líder. Santana Lopes, por ser uma hipótese remota e ridícula, dado os antecedentes, não creio que seja equacionável, quando se fala na sucessão de Passos. Rui Rio emerge, deste modo, como sendo o melhor candidato, o que poderá congregar mais apoios.
A subida galopante do PS nas sondagens – já está no limiar da maioria absoluta – é facilmente explicável. As pessoas estão com mais rendimento disponível, devido à política do acordo de esquerda, e, além disso, não se sentem roubadas, como eram nos tempos negros de Passos e Portas. Em duas palavras, estão a viver melhor! Ganharam, ainda, mais confiança no homem que vai ao leme, porque António Costa, como já escrevi, tem cumprido o que prometeu. Além de não se sentirem roubadas, também não se sentem enganadas. A relação entre eleitos e eleitores, que chegava a ser mesmo considerada por alguns como um divórcio, está a melhorar significativamente e com isso só ganha o país e a nossa democracia. O PS que é poder e, quanto a mim, o partido português mais equilibrado, beneficia também eleitoralmente desta mudança qualitativa operada na política portuguesa pelo Governo e maioria que o apoia.