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As alterações climáticas e a saúde

As alterações climáticas e a saúde

Desde a revolução industrial que sabemos que a atividade humana tem alterado a atmosfera, não só a nível local, como regional e global. Todos se devem recordar das descrições de escritores como Dickens e Conan Doyle que, no séc. XIX, falavam do smog londrino e dos seus efeitos nefastos sobre a saúde humana.

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Posteriormente, os temas que ganharam mais visibilidade na década de 70 do século passado, foram não só o das chuvas ácidas, como o da depleção do ozono nas regiões polares e o do aumento dos chamados “gases de estufa” quase que exclusivamente associados às crescentes emissões de compostos resultantes do consumo de combustíveis fósseis ou da inovação na indústria química. Hoje, a grande maioria dos estudos indicam que, se não alterarmos os nossos hábitos, seremos sujeitos a alterações climáticas muito provavelmente devastadoras e que já são visíveis. O ano de 2015 foi o mais quente desde 1880, ano em que começaram a registar de forma regular as temperaturas em vários locais do planeta. E os cinco anos mais quentes registaram-se desde 2005.

Os recentes acordos de Paris recomendam que os países façam um esforço para que a temperatura do planeta não aumente mais do que 2ºC acima da média anterior à era industrial. Atualmente já aumentou perto de 1ºC. E estes acordos, infelizmente, não são vinculativos.

Os efeitos das alterações climáticas sobre a saúde podem ser diretos ou indiretos. O simples aumento da temperatura média torna-se particularmente grave nas grandes cidades, onde “ilhas de calor” surgem com temperaturas que podem ser 5º a 6ºC superiores à dos subúrbios. Em muitas megacidades, para as populações mais vulneráveis (idosos, crianças, grávidas, pobres), esta situação é frequentemente fatal.

As inundações e secas dramáticas resultantes das instabilidades climáticas cada vez mais frequentes têm efeitos devastadores na agricultura (e consequentemente na produção de comida) e na penetração de vetores de muitas doenças infeciosas com consequências que os meios de comunicação tornam cada vez mais visíveis. A acidificação dos oceanos e o aumento do nível do mar resultante do degelo polar e de glaciares estão mais do que bem documentados. São centenas de milhões de seres humanos que já sofrem destes efeitos indiretos das alterações climáticas, muitos dos quais se tornarão bastante mais graves a curto e médio prazo. Isto para não falar da invasão de espécies que perturbam a sustentabilidade dos ecossistemas de forma ainda pouco previsível.

Portugal, felizmente tem apostado nas energias alternativas e na eficiência energética. Espero que reforce essa aposta, pois o que já fez está longe de ser suficiente.