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Argumentário requentado e falso

Argumentário requentado e falso

Os tenores da coligação PAF têm vindo a usar um argumentário de ataque que retoma mitos antigos e procura deixar no ouvinte esquecido a ideia contrária à realidade. Alguns exemplos: a história da vinda da Troica, a pretensa rutura do compromisso sobre a redução do IRC e o aumento da dívida pública. Vejamos cada um deles.

Opinião de:

Argumentário requentado e falso

A Troica veio certamente a pedido do Governo. Mas surgiu como facto consumado devido ao voto contrário ao PEC 4, uma solução bem mais moderada e de resultados esperados superiores, já negociada em Bruxelas, com Merkel e com o BCE. A recusa do PEC 4, por aliança contranatura do PSD, CDS, BE e PCP, implicou a queda do Governo. No período imediato, sem possibilidade de governar contra partidos que preferiam a terra queimada a um programa aceitável, com a surpresa e até o protesto da Comissão, do Conselho, sobretudo da Alemanha e do BCE, não restava outra solução ao governo Sócrates que não fosse pedir a intervenção externa. Costa leu alguns dos votos congratulatórios que Passos e Catroga então exprimiram. Quatro anos depois, blasfemar contra a Troica para ganhar popularidade fácil, depois de tanto a ter desejado e ampliado na receita, não é apenas mentira, mas puro cinismo político.

O compromisso sobre a redução do IRC foi aprovado pelo PS, sob a condição de a segunda redução desse imposto ser acompanhada de redução do IRS, com o que o Governo concordou, tendo depois agido ao contrário. Se alguém rompeu compromissos foi o Governo.

A PAF tenta comparar um longo período de governação do PS, em que a dívida historicamente subiu, com os quatro anos do seu governo, onde ela aumentou 21%, violando aquilo a que o Governo se havia comprometido. A PAF trata um longo período de 2005 a 2011, sete anos, como se fosse igual aos 4 anos do governo que agora termina. Mais ainda: passa por cima do ano da crise e das obrigações impostas por Bruxelas, em 2009, de inundar a economia com despesa pública, aumentando a dívida, como solução para prevenir a crise bancária e a crise do crescimento e emprego que veio a seguir. Ao omitir esta orientação comunitária, que em Novembro de 2009 inverteu com fragor o seu sentido, a PAF pretende atirar para o governo de então a culpa do crescimento da dívida, forçado por obrigações comunitárias. Tão simples como isso.