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Aposta no Património e nas cumplicidades

Aposta no Património e nas cumplicidades

Finalmente o Palácio da Ajuda vai ter obras de remate da fachada poente, inacabada desde 1807, (aquando da partida da corte portuguesa para o Brasil), mácula que mancha este Monumento Nacional há 2 séculos e que durante décadas têm sido adiadas por indecisões sucessivas.

Opinião de:

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O mérito do projeto do arquiteto João Carlos Santos – quadro do Ministério da Cultura – e de todos quantos se empenharam desde 2010 para que este se concretizasse, não invalida que sem uma forte vontade política e uma harmoniosa sinergia entre entidades, muito provavelmente o seu projeto de Remate da Ajuda iria para a gaveta juntar-se a outros como os de Gonçalo Byrne (anos 80/90) e de Raul Lino (década 50).

Acho mesmo que esta é a principal marca deste Governo: a capacidade de criar parcerias, redes de atuação conjunta, sinergias, cumplicidades.  Desta forma, quase nada se torna impossível –  a união de vontades derruba muros, vence barreiras e gera uma dinâmica mobilizadora, transversal às instituições, e, quem sabe, germinadora de uma atitude mais conciliadora na sociedade civil. 

Foi graças à união de esforços entre o Ministério da Cultura, que alocou, por despacho, as verbas da indemnização pelo roubo de joias reais na Holanda (em 2006) a este projeto em 2011, antes de ser substituído pelo governo de direita, à Câmara Municipal de Lisboa presidida por Fernando Medina, que identificou de imediato a importância desta obra para Lisboa, à Associação de Turismo de Lisboa e às famosas taxas turísticas criadas por António Costa (tão criticadas pela direita), que,  222 anos depois, o Palácio da Ajuda, finalmente, vai poder encontrar um final feliz.

Também no Parlamento se aprovou na semana passada, por unanimidade, o Projeto-Lei do PS que isenta de IVA doações de bens móveis a Museus da Rede Portuguesa de Museus.  Foi, por isso uma semana boa para o património cultural. 

A administração pública de topo da Cultura é atualmente constituída por diretores gerais escolhidos e nomeados pela direita em 2013, para 5 anos. Nesse processo, todos os Diretores Regionais de Cultura anteriormente nomeados pelo governo PS, foram banidos, afastados liminarmente. A título de exemplo, a atual DRC do Centro, Celeste Amaro, ex-deputada do PSD, é um quadro partidário ativo da oposição. Como decorrerá esta coabitação entre os braços diretos do Governo no terreno (todos escolhidos pelo PSD/CDS) e a tutela PS? Espero que aqui também a união de esforços prevaleça. 

Já nos Teatros Nacionais, as nomeações recentemente feitas pelo governo do PS são, no mínimo, mais ecuménicas: 100% dos administradores tinham sido escolhidos e nomeados pelo governo PSD/CDS (apenas rodaram agora de cadeiras), e agora, com o atual Governo socialista, até incluem o assessor direto de Jorge Barreto Xavier (SEC de Passos Coelho) e o Diretor Geral das Artes de Passos Coelho.  

É a prova maior de que o PS não se comporta autocrática e tendenciosamente como a direita. As diferenças entre a direita e o PS não cessam de aumentar.