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António Guterres sustenta que economia verde pode criar 65 milhões de novos empregos

António Guterres sustenta que economia verde pode criar 65 milhões de novos empregos

Assegurar a mudança de uma “economia cinzenta para verde” seria abrir uma nova oportunidade para criar riqueza de “biliões de dólares”, ajudando a criar em simultâneo “65 milhões de novos empregos até 2030”, defendeu em Madrid o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

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António Guterres sustenta que economia verde pode criar 65 milhões de novos empregos

A forma mais expedita para lidar com a emergência climática, que hoje dá evidentes sinais de estar a assolar o planeta, seria, segundo António Guterres, trabalhar para uma verdadeira mudança de uma economia “cinzenta para uma economia mais verde”, apelando, neste sentido, aos governos para que sejam mais “imaginativos e inovadores”, por forma a que se alcance um “futuro mais próspero, limpo e verde”.

O ex-primeiro-ministro português e atual secretário-geral da ONU enumerou assim os objetivos traçados na iniciativa da Ação Climática das Nações Unidas para o Emprego, apresentados este ano em Nova Iorque, que mereceram desde logo a concordância e o aval de 46 países, que se comprometeram a respeitar e a “avançar rumo a uma transição ecológica justa”, por meio de um “roteiro que coloca o trabalho no centro da ação”.

Para António Guterres, é importante que os governos “sejam firmes para não repetir os erros do passado” que, segundo o secretário-geral das Nações Unidas, deixaram “muitas pessoas para trás”, mostrando-se persuadido de que as pessoas procuram sobretudo “empregos iguais e decentes num mundo mais limpo”, recordando a este propósito que a maior taxa de crescimento dos novos empregos corresponde aos que estão a ser criados na área da energia, uma razão acrescida, como defendeu, para que a economia verde encontre um “lugar no mundo”.

O caminho de Portugal

Por sua vez, o ministro português do Ambiente e da Ação Climática, falando ontem aos jornalistas à margem da cimeira, lembrou que só os países que demonstrarem uma vontade política muito clara de se transformarem depressa e “mais depressa ainda do que países como Portugal, que já fizeram boa parte do caminho” para a descarbonização, é que serão abrangidos pelo Fundo de Transição Justa, um fundo, como recordou, que compreende verbas no valor de 100 mil milhões de euros.

João Pedro Matos Fernandes lembrou ainda que dentro dos países da União Europeia “há várias perspetivas em relação ao caminho para serem carbonicamente neutros” e assim combaterem as alterações climáticas, avisando que, “grosso modo”, são os países do leste da Europa que têm de avançar mais depressa porque são estes países que ainda “têm um atraso muito grande” no combate as alterações climáticas.

O ministro lembrou ainda que no pacto climático anunciado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prevê-se a apresentação até março de uma lei do clima europeia que “conduza à neutralidade carbónica até 2050” e um plano para reduzir as emissões europeias de gases com efeito de estufa em 55% até 2030”.

Quanto a Portugal, Matos Fernandes garantiu que há, entre os partidos com representação parlamentar, “disponibilidade para encontrar consenso para uma lei climática”, matéria que o governante considerou de grande importância e que espera que surja “até ao fim do próximo ano”.

Relevância dos oceanos

Também o ministro português do Mar marcou ontem presença em de Madrid, tendo defendido que as resoluções desta cimeira devem apontar inequivocamente para a “relevância merecida” dos oceanos, ao contrário do que aconteceu no Acordo de Paris, como sustentou, onde as referências aos oceanos “ficaram por uma referência minimalista”.

Para Ricardo Serrão Santos, que interveio na conferência que está a decorrer na capital espanhola, os oceanos têm de ser olhados “não só como um sistema do planeta que contribui para a vida, como também um valor que está ameaçado” não só pelo plástico, como referiu, mas também pela crescente “acidificação” ou ainda pelas correntes quentes que “têm de ser corrigidas”.

Para se inverter o atual paradigma, segundo o governante, é necessário, antes de mais, “educar os cidadãos e os líderes políticos” sobre a importância que os mares representam para a qualidade das nossas vidas, sustentando que os mares devem ser encarados como uma “peça tão central como são as florestas no contexto das políticas internacionais”.