Falando aos jornalistas em Viseu, à margem de uma conferência da AICEP sobre ‘Exportações & Investimentos’, o primeiro-ministro, depois de reconhecer que as previsões do FMI sobre a economia portuguesa são por regra, ano após ano, sempre “menos otimistas que as do Governo”, deixou a garantia de que o cenário económico que se perspetiva para o próximo ano, “no qual assentará o Orçamento do Estado para 2023”, é de “crescimento moderado e ajustado às realidades do tempo e à evolução da zona euro”.
Um documento, como aludiu, que conta com a “desaceleração significativa da taxa de inflação”, que mantém a preocupação, “que é a chave para a política económica”, de que o país vai poder preservar, e se possível melhorar, os bons níveis de emprego que hoje se verificam, e de “podermos sustentar sem alimentar a espiral de inflação aquilo que são os rendimentos das famílias e a capacidade de competir das empresas”.
Depois de a economia portuguesa ter registado este ano um crescimento de 6%, “o mais elevado da União Europeia”, em 2023, como referiu o primeiro-ministro, Portugal já não apresentará crescimentos desta ordem, “nem nada que se pareça”, tudo apontando para que o crescimento se ajuste “à evolução da zona euro”, manifestando António Costa, contudo, “total confiança” em que a economia portuguesa possa continuar a crescer “acima da média europeia e a aproximar-se dos países mais desenvolvidos da União Europeia”.
Blindar decisão sobre o aeroporto
Para a conferência, o primeiro-ministro reservou a sua participação para falar sobre o futuro aeroporto internacional de Lisboa, o investimento estrangeiro em Portugal, que tem vindo a aumentar exponencialmente todos os anos, como assinalou, e ainda sobre a “extraordinária evolução” exportadora das empresas portuguesas.
Quanto ao aeroporto, António Costa considerou que a decisão final deve ficar, o “quanto antes”, “blindada de todas as vicissitudes normais em democracia”, designadamente, como apontou, da “alternância de governantes e de líderes partidários”, recordando que esta tem de ser uma decisão “para o país e tem de resultar da vontade suportada pela esmagadora maioria das forças políticas”.
Em relação a outros dois temas em destaque, o investimento e as exportações, António Costa lembrou que o investimento estrangeiro tem crescido todos os anos, mesmo numa altura tão difícil como nos dois anos mais agudos da pandemia, em que “voltámos a bater o recorde de investimento contratualizado”, ao mesmo tempo que o país teve também um “aumento sistemático do investimento direto estrangeiro”. Um saldo muito positivo, como assinalou, que foi acompanhado pela “evolução extraordinária do aumento da capacidade exportadora do país”, lembrando a este propósito o primeiro-ministro que, há 15 anos, o peso das exportações no PIB representava cerca de 31%, em 2021 subiu para 42% e este ano de 2022 “já estamos próximos dos 50%”. Para 2030, ainda segundo o chefe do Governo, o peso das exportações no PIB “deverá chegar aos 53%”.
Nada que considere ser excessivamente otimista, sequer irrealista ou desmedidamente ambicioso, recordando que a trajetória alcançada com as exportações nos últimos anos mostra que há todas as probabilidades de Portugal poder alcançar a meta a que se propõe para 2025 “antes de lá chegar e, provavelmente, atingir a meta de 2030 antes dessa data”.
Mérito deste cenário que o primeiro-ministro atribui “ao trabalho da AICEP”, mas também à capacidade das empresas portuguesas por se terem sabido adaptar “aos novos contextos de mercado”, encontrando os mecanismos que lhes permitiram “reorientar as exportações”, a par da enorme “capacidade de resiliência”, como também destacou, que lhes valeu “encarar os novos desafios, presentes e futuros”.
Finalmente, o primeiro-ministro mostrou-se convicto de que Portugal vai conseguir este ano baixar a sua dívida pública a um ritmo superior às previsões, tudo apontando assim, como referiu, para que o compromisso do Governo de chegar a 2026 com o rácio da dívida no PIB inferir a 100% venha a ser cumprido.