Na visita que ontem efetuou à Islândia, a primeira de um chefe de Governo português, António Costa enfatizou a necessidade de ambos os países aproveitarem a oportunidade para “aprofundar as relações bilaterais”, com prioridade para a área das energias renováveis.
O primeiro-ministro destacou também o setor geotérmico, área em que a Islândia, como lembrou, atingiu padrões de crescimento assinaláveis, designadamente no que respeita “à captura de carbono para fins industriais”, sustentado o chefe do Governo que os dois países podem e devem também “avançar no cluster dos oceanos”.
Já a homóloga islandesa, Katrin Jakobsdottir, destacou o que considerou ser “uma série de domínios” em que os dois países podem colaborar e estreitar relações “de forma profunda”, com especial destaque para “os assuntos dos oceanos e nas questões de energia”, nomeadamente a eólica, setores onde as empresas nacionais, como antes tinha já defendido António Costa, “estão interessadas em entrar no mercado islandês”.
Ainda segundo a chefe do Governo nórdico, os desafios que hoje estão colocados a Portugal, mas também à Islândia, quer no combate às alterações climáticas, quer na proteção aos oceanos, aconselham que ambos os países encontrem um equilíbrio no “aprofundamento das relações bilaterais”, que “sempre foram muito boas”, dando o exemplo que considerou significativo de o bacalhau que Portugal consome ser comprado maioritariamente à Islândia.
Energias renováveis
No encontro com a primeira-ministra islandesa, António Costa fez questão de destacar que o maior potencial na cooperação entre os dois países situa-se hoje na área das energias renováveis, setor onde os dois países, como lembrou, “têm vindo a apostar fortemente”, e onde as empresas portuguesas têm encontrado as “melhores oportunidades” para se poderem expandir no fornecimento de equipamentos para centrais de energia renovável, desde turbinas, a transformadores ou a geradores, “até soluções solares de pequena escala para produção de energia fora da rede”.
Nesta deslocação oficial, o primeiro-ministro visitou, na companhia da secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, e da líder do Governo islandês, a Central de Energia Geotérmica em Selfoss, a maior do país e uma das maiores do mundo, com uma capacidade instalada de 303 megawatts. Um equipamento com o qual Portugal, segundo António Costa, “pode aprender para potenciar os seus recursos naturais”.
Houve ainda espaço para os dois países assinarem um memorando de entendimento entre a Agência Portuguesa de Energia e a Autoridade Nacional para a Energia da Islândia, onde ficou estabelecido um quadro de cooperação para “partilha de conhecimentos, colaboração técnica e desenvolvimento de projetos conjuntos”, e a cooperação nos campos da eficiência energética, uma área, como também assinalou António Costa, em que Portugal “pode partilhar experiência”, dando o exemplo dos consumidores-produtores, e da energia geotermal, um setor onde a Islândia domina.
Houve ainda oportunidade, para além da visita ao cluster dos oceanos na capital islandesa e de um encontro com a comunidade portuguesa, para o chefe do executivo português visitar uma unidade industrial de captura e mineralização de dióxido de carbono. Um equipamento com especial interesse para Portugal, como lembrou António Costa, uma vez que o país está a desenvolver projetos nesta área, designadamente “através da floresta e do mercado voluntário de carbono”.
Conselho da Europa
Para lá do dia de ontem dedicado à visita oficial à Islândia, o primeiro-ministro está hoje e amanhã em Reiquiavique, na capital do país, a participar na cimeira do Conselho da Europa. Encontro que António Costa já considerou histórico, lembrando os dias conturbados que a Europa hoje vive, “especialmente no leste” do continente, voltando uma vez mais a condenar a “brutal agressão russa à Ucrânia”.