António Costa quer Europa empenhada na convergência e num novo contrato social
O primeiro-ministro defendeu ontem na cidade de Viena a necessidade de a Europa criar um “novo contrato social”, considerando ser este um dos “marcos prioritários” dos trabalhos do próximo mandato da Comissão Europeia.
António Costa marcou ontem presença, na capital austríaca, no Congresso da Confederação Europeia dos Sindicatos, onde invocou a necessidade de os países europeus avançarem o mais rápido possível para “um novo contrato social”, que garanta proteção social a todos os cidadãos ao longo da sua vida, designadamente, como elencou, no que respeita às “oportunidades de acesso à educação e à formação” e que ajude “na transição para os desafios da sociedade digital e nos novos desafios das alterações climáticas”.
Depois de ter ouvido rasgados elogios da parte do secretário-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos, o italiano Luca Visentini, que não hesitou em classificar Portugal “como o melhor exemplo do mundo”, recordando a propósito que o país “veio de uma crise e de um memorando com a troica” e que em apenas três anos “conseguiu restabelecer-se e recuperar a sua economia, mas também o diálogo social”, António Costa fez questão em sublinhar que os europeus têm agora a tarefa de avançar sem receios para a construção de um novo contrato social na Europa, devendo encarar esta decisão como uma “oportunidade para o crescimento económico e para a criação de mais e melhores empregos”.
Preservar a democracia e as escolhas participativas
António Costa destacou ainda, na sua intervenção, a importância de se preservar os valores que estão inscritos nos princípios da democracia europeia, que considerou serem valores “supremos” para qualquer democrata europeu, o que implica, como também referiu, não só a participação ativa dos cidadãos nesta construção, mas igualmente saber “guardar a soberania própria” para que se possam fazer “as escolhas políticas”.
A este propósito, o primeiro-ministro deu o exemplo de Portugal e da mudança que foi possível empreender em apenas três anos, produzindo “novas políticas que trouxeram novos resultados” que hoje se traduzem, como referiu, numa clara convergência económica com a Europa, com a criação de mais e melhores empregos e a clara redução do desemprego e das desigualdades, premissas que segundo António Costa foram alcançadas, sem nunca abandonar o objetivo de contas públicas certas.
Capacitar mais convergência e competitividade
O chefe do Governo frisou ainda a necessidade de os países da moeda única impulsionarem a criação de uma “capacidade orçamental” para a zona euro como fator de apoio a novos investimentos que “promovam a convergência e aumentem o potencial de crescimento”, matéria que na opinião de António Costa deve ser a “principal função” do instrumento orçamental para que haja “mais convergência e competitividade”, lembrando ainda que a “prioridade das prioridades” tem de passar pela “conclusão da reforma da zona euro”.
“Temos de completar o mais rápido possível a reforma do euro” e assumir que a “criação deste instrumento financeiro” é uma prioridade, disse António Costa, mostrando-se convicto de que, até ao final do próximo mês de junho, o Eurogrupo vai tomar a decisão de avançar com a reforma da moeda única, o que para Portugal “é fundamental”, como acentuou, para que possa dispor do “maior volume possível de recursos” e assim concentrar a sua ação nas políticas de coesão e na “convergência com a União Europeia”.