Falando esta manhã em Joanesburgo aos jornalistas após ter visitado o Museu do Apartheid, o primeiro-ministro aproveitou a ocasião para lembrar que também Portugal, a exemplo deste espaço museológico sul-africano, está empenhado em valorizar a sua memória histórica, avançando já este ano com a instalação, em Lisboa, do Centro Interpretativo 25 de Abril, seguindo-se, no próximo ano, a instalação na Fortaleza de Peniche do Museu da Resistência, onde será “contada a história da resistência à ditadura desde 1926 até ao 25 de abril de 1974”.
É essencial, defendeu António Costa, que nenhum país descuide ou deixe de preservar a sua memória histórica. Uma deliberação que considerou determinante para que as novas gerações tomem consciência da realidade do passado do seu próprio país, dando, a este propósito, o exemplo do museu do Apartheid, na África do Sul, que acabara de visitar, como o paradigma onde é possível realçar essa consciência.
O primeiro-ministro, que tinha a seu lado os ministros dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, da Defesa, Helena Carreiras, e o secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, lembrou ainda a participação e o empenho português na reabilitação, em Luanda, da Fortaleza de São Francisco do Penedo, que durante o Estado Novo serviu de prisão política e que em breve, como referiu, “vai ser o futuro Museu da Luta pela Libertação de Angola”.
Voltando a focar a sua atenção em Portugal, o chefe do Governo referiu-se depois, em particular, ao futuro Centro Interpretativo 25 de Abril, um projeto que contará com financiamento do Estado e que está a ser pensado e devidamente organizado diretamente pela Associação 25 de Abril, como salientou, estando a sua localização prevista para as atuais instalações do Ministério da Administração Interna, na Praça do Comércio, em Lisboa.
Lembrar Nelson Mandela e Mário Soares
Na ocasião, António Costa fez ainda questão de se referir ao que considerou ser o enorme trabalho político e os “gestos de reconciliação e de concórdia nacional” insistentemente promovidos por políticos como Nelson Mandela, na África do Sul, e por Mário Soares, em Portugal, o que, por diversas ocasiões, “evitou a repetição dos erros da I República, designadamente na relação com a Igreja”, acentuando o primeiro-ministro a importância que ambos deram “ao compromisso em democracia”, referindo que “todas as grandes mudanças históricas foram sempre marcadas por momentos de reconciliação”.