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António Costa destaca vontade de compromisso para o Conselho Europeu

António Costa destaca vontade de compromisso para o Conselho Europeu

Depois dos encontros que manteve em Lisboa com os primeiros-ministros de Espanha e de Itália, Pedro Sánchez e Giuseppe Conte, reuniões realizadas no âmbito da discussão do plano de recuperação económica da Europa, António Costa foi ontem à capital holandesa encontrar-se com o seu homólogo Mark Rutte, manifestando à saída da reunião uma “grande confiança” em que possa haver em breve um acordo no Conselho Europeu.

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António Costa destaca vontade de compromisso para o Conselho Europeu

O primeiro-ministro mostrou-se ontem à saída da reunião na capital holandesa mais otimista quanto à possibilidade de haver já no próximo Conselho Europeu de sexta-feira e sábado um primeiro e decisivo passo na aprovação pelos 27 do plano de recuperação económica para a Europa, referindo António Costa que seria “uma oportunidade perdida” caso os Estados-membros da União Europeia não chegassem já a um acordo na próxima cimeira dos líderes europeus em Bruxelas.

Segundo António Costa, o homólogo holandês manifestou durante todo o encontro uma “grande vontade” a que se chegue a um compromisso já no próximo Conselho Europeu, reforçando que as partes “devem ceder” para que seja possível “encontrar um compromisso” que todos possam subscrever e garantindo que Portugal não deixará de fazer a sua parte, desde que “países como a Holanda também cedam”.

A este propósito, o primeiro-ministro referiu que, tal como tinha transmitido a Mark Rutte, Portugal só poderá aceitar a proposta apresentada pelo presidente do Conselho Europeu, de baixar o montante global do próximo quadro financeiro, se também a Holanda aceitar o montante que está previsto para o Fundo de Recuperação nos termos em que é proposto, revelando António Costa que esta proposta “é um bom ponto de partida” para que possa haver um compromisso entre todos os 27.

Solidariedade e racionalidade

Segundo o primeiro-ministro, a posição de Portugal sobre o plano de recuperação da economia europeia é clara e não obedece a qualquer raciocínio enviesado: aceita discutir que se mantenham os ‘rebates’ ou descontos de que beneficiam já os grandes contribuintes líquidos, como a Holanda, “se não for posto em causa a manutenção do montante da coesão ou do segundo pilar da PAC”. António Costa voltou a referir, neste sentido, que quando se quer assumir um compromisso “temos de estar todos disponíveis para ceder alguma parte”, insistindo que é preciso desfazer o engano de que se “está a pedir a países como a Holanda que sejam solidários”, quando do que se trata é de enfrentar uma crise provocada pela Covid-19, que “constitui um choque absolutamente simétrico, externo e inopinado”, afetando não só Portugal e a Holanda, como todos os restantes países de fora e de toda a Europa comunitária. Não é, portanto, como também assinalou, “uma questão de solidariedade, mas de racionalidade”.

Uma questão de racionalidade e não de solidariedade, como defendeu, dando os exemplos de Espanha e Itália duas das economias mais importantes do conjunto da economia europeia, que representam cerca de 15% do valor do mercado interno e que foram dos países mais fortemente atingidos pela crise, lembrando António Costa a este propósito que a Holanda, que “é a principal beneficiária do mercado interno”, precisa que estes dois países não estejam em recessão, assim como Portugal também precisa que a Espanha não continue numa difícil situação económica porque se trata, como assinalou, do “nosso primeiro cliente”. Um cenário que vem provar, na opinião do primeiro-ministro, que estamos todos perante o mesmo problema e que ou “saímos todos ao mesmo tempo ou ficamos todos no problema”.

Contudo, o primeiro-ministro fez questão de deixar claro que não saiu deste encontro com o líder do Governo holandês com a certeza de um acordo, “porque há ainda vários pontos de divergência”, manifestando, contudo, a convicção de que da parte de Mark Rutte existe uma “grande vontade” de que o acordo exista e de que ambos concordam que seria “uma oportunidade perdida” caso não se chegue já a um entendimento durante este mês de julho.

De Haia, António Costa voou para Budapeste, onde hoje, terça-feira, se encontrou com o homólogo Viktor Orbán, numa reunião em que o primeiro-ministro português voltou a discutir o plano de recuperação da economia europeia apresentado pelo presidente do Conselho Europeu, alertando António Costa que, se “queremos unanimidade, temos de convencer todos”.