O abrandamento da inflação em Portugal, a exemplo do que também está já a acontecer na maioria dos restantes países europeus, justifica, segundo António Costa, que falava hoje aos jornalistas no final de um Conselho Europeu em Bruxelas, que o Governo português mantenha inalterada a sua discordância em relação à tese defendida pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela sua líder, Christine Largarde, quanto ao peso dos salários na inflação.
De acordo com António Costa, apesar das críticas infundadas do BCE à política salarial praticada na maioria dos países europeus, Portugal continua a crescer economicamente e em máximos históricos no emprego, lembrando que nem o anúncio mais ou menos extemporâneo de Christine Largarde, que o BCE vai continuar a subir as taxas de juro, impedirá o Governo de Lisboa de prosseguir no apoio às famílias e às empresas.
Políticas de migração
Sobre os dois dias de trabalhos em que os primeiros-ministros e chefes de Governo da União Europeia estiveram reunidos em Bruxelas, António Costa referiu “o consenso alargado” dos países sobre as políticas de migração e o apoio que todos devem prestar, desde logo, aos países de origem dos migrantes. Lamentando, contudo, que a Hungria e a Polónia mantivessem uma postura dissonante, facto que impediu a elaboração de um texto formal sobre a reforma das regras europeias relativas às migrações, António Costa observou que estes dois países insistem, também neste capítulo, em manter “uma visão completamente distinta e errada dos valores europeus”.
Quando à reunião informal, em que também participou com nove outros líderes europeus, sobre o alargamento da União Europeia a países como a Ucrânia, Moldova ou aos países dos Balcãs Ocidentais, o primeiro-ministro considerou que a atual “arquitetura institucional e orçamental” dificulta que este dossiê avance, aconselhando os líderes dos 27 Estados-membros a refletirem e a “prepararem-se para alterar o que falta alterar”.