António Costa desafia autarquias a criarem rede de apoio a artistas contemporâneos
Falando em Vidago, no concelho de Chaves, onde inaugurou este domingo a Casa Museu João Vieira, António Costa enalteceu o papel que a grande maioria das autarquias locais tem desempenhado na defesa e promoção da cultura, dando o exemplo, entre outros, do espaço museológico da artista plástica Graça Morais, em Bragança, de Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, ou de Martins Correia, na Golegã, não deixando, contudo, de lançar o desafio para que mantenham e aumentem esse empenhamento, criando uma “rede de espaços” com o legado de artistas contemporâneos portugueses.
Para António Costa, o Estado em nenhuma circunstância deverá alhear-se deste movimento que, começando nos municípios e nas freguesias, deve, contudo, ter da parte da Administração Central o apoio complementar necessário, sustentando o primeiro-ministro que é chegada a hora de o poder local e Governo assumirem responsabilidades conjuntas e passarem à fase seguinte, que é a de criarem “uma verdadeira rede de espaços em todo o país” que “una estes diferentes pontos”.
Segundo o primeiro-ministro, apenas seguindo este itinerário será possível ambicionar um crescimento sustentado da vida cultural na grande maioria dos territórios, sobretudo dos situados no interior do país, o que possibilitaria, como defendeu, dar uma maior visibilidade aos municípios e às “obras desses artistas”, permitindo ainda uma “maior dinâmica de itinerância do conjunto das obras artísticas”.
Neste encontro na Casa Museu João Vieira, o primeiro-ministro lembrou que, quando percorreu no verão passado o país de Sul a Norte pela estrada nacional 2, logrou constatar a “enorme capacidade dos territórios do interior para aproveitar recursos”, incluindo, como salientou, os que se referem ao “legado deixado pelos filhos da terra”, concluindo que trabalhar em rede é o “desafio que está lançado” aos autarcas para que se consiga atingir o objetivo de dar uma “maior visibilidade a estes recursos culturais”.
Coleções itinerantes
Para dar a justa dimensão da importância da circulação itinerante dos trabalhos artísticos, António Costa lembrou que, desde há três anos, tem vindo a acolher em São Bento várias coleções privadas de fora de Lisboa de artistas contemporâneos, que ali deixam os seus trabalhos expostos durante um ano, como foram já os casos da coleção de Serralves, “depois de António Cachola, de Elvas, e agora a coleção Norlinda e José Lima, de São João da Madeira”.
Naquela que foi a última inauguração no presente mandato, António Costa fez ainda questão de assinalar que foi neste mesmo distrito de Trás-os-Montes, quando iniciou funções, há quatro anos, que teve o privilégio de realizar a primeira inauguração oficial, aquando da abertura do Túnel do Marão.