António Costa apresentou documento aos embaixadores dos países da zona euro
Depois de ter recebido as centrais sindicais, ontem foi a vez das confederações patronais reunirem com o Secretário-geral do PS.
No final do encontro, que durou cerca de duas horas, António Costa defendeu que o cenário macroeconómico do PS visa dar um incentivo para a reanimação da economia portuguesa “depois de anos de austeridade”.
O que “pretendemos com este documento”, frisou ainda o líder socialista, é “virar a página da austeridade” não deixando contudo de respeitar o “contexto europeu em que estamos inseridos”, querendo com isto recordar que Portugal está enquadrado nas regras do Tratado Orçamental da União Europeia.
António Costa lembrou que o documento contém um conjunto de medidas de apoio às famílias e às empresas e outras que apostam na “sustentabilidade futura da Segurança Social”, razão por que esta iniciativa, disse, aponta também para a “diversificação das fontes de financiamento”.
Referindo-se ao IRC, o Secretário-geral do PS lembra que, quando se fala na troca deste imposto por uma alteração da contribuição para a Segurança Social por parte das empresas, “estamos a tomar uma medida que em vez de beneficiar só cento e poucas mil empresas favorece mais de 700 mil”, com ganhos evidentes, como referiu, para as pequenas e médias empresas, “afinal aquelas que mais necessitam de apoio e também aquelas que mais precisam de possuir melhores condições financeiras para acompanharem o esforço de vencer a crise”.
Quanto à TSU, António Costa recordou que este imposto incide sobre cerca de 700 mil empresas, não havendo nenhuma pequena empresa que não tenha de “suportar contribuições para a Segurança Social”.
Em relação à sustentabilidade da Segurança Social, um dos pontos mais debatidos, o Secretário-geral do PS garantiu que o cenário macroeconómico aponta para uma diversificação futura das fontes de financiamento do sistema, deixando de se verificar a “atual incidência apenas na massa salarial”, e passando a alargar-se também aos lucros, às grandes heranças e às empresas que “abusam da precariedade dos seus trabalhadores”.
Manifestando um grande otimismo em relação às medidas contidas no cenário macroeconómico, o líder do PS disse não ter dúvidas que este documento vai permitir ao futuro Governo socialista “vencer a austeridade sem romper com o euro”, apontando para a criação de emprego e para o crescimento económico.
Propostas sérias e positivas
Por seu lado, os líderes das entidades patronais elogiaram o documento socialista, salientando tratar-se de uma “verdadeira alternativa” às políticas seguidas pelo Governo, tendo destacado a “seriedade” das propostas contidas no cenário macroeconómico do PS, realçando tratar-se de “propostas positivas”.
Falando à saída aos jornalistas, tanto João Machado, da CAP, como António Saraiva, da CIP ou Francisco Calheiros, do Turismo, não tiveram dúvidas em defender que o país está agora “perante caminhos diferentes” realçando que a proposta socialista vem provar o que há muito já se sabia: de que não há “inevitabilidade de políticas”, reafirmando o mérito da proposta por “apontar outro caminho e outras soluções”.
Mesmo manifestando reservas face a algumas medidas específicas, os representantes patronais não deixaram todavia de elogiar a anunciada aposta na reabilitação urbana e as medidas de desburocratização no Estado.
Na reunião com o líder do PS, para além dos presidentes das confederações da Indústria, da Agricultura e do Turismo, também estiveram presentes o secretário-geral e o diretor executivo da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Ana Vieira e José António Cortez.