António Costa ao reencontro das raízes goesas homenageou o pai Orlando da Costa
Este encontro promovido pela sociedade civil goesa, para além da homenagem prestada ao primeiro-ministro português, serviu ainda de pretexto para o lançamento do livro de Orlando da Costa “Sem Flores nem Coroas”, e de uma peça de teatro, “Signo da Ira”, um texto que decorre na noite da anexação de Goa pela União Indiana, em dezembro de 1961.
Na sua intervenção, António Costa começou por recordar que o seu pai, criado em Margão, no Estado de Goa, até ao fim da adolescência, veio mais tarde estudar para a Universidade em Lisboa, onde se licenciou em Histórico-Filosóficas, tendo sido à distância, como salientou, que “viveu a anexação da Índia portuguesa”.
“Mas se o meu pai saiu de Goa”, afirmou António Costa, “Goa esteve sempre presente nos seus trabalhos”, afirmando que esta sua visita à terra onde o seu pai passou grande parte da sua adolescência assume um “caráter simbólico”, uma vez, como referiu, que “é a primeira vez que um primeiro-ministro português visita Goa”, congratulando-se com o que classificou como “uma síntese notável” entre aquilo que era a herança indiana e “aquilo que os portugueses trouxeram e que conseguiram reinventar”.
O primeiro de dois dias da sua estada em Goa, onde foi recebido por centenas de goeses, parte deles de ascendência portuguesa, em ambiente de verdadeira festa, o primeiro-ministro começou o dia com uma reunião com o ministro-chefe do Estado de Goa, no Consulado Geral de Portugal, seguindo-se um encontro com a governadora Mridula Sinha, representante do Estado da Índia, no Palácio do Governador.
Preservar a herança
Para António Costa, esta sua visita a Goa, para além da satisfação, como referiu, de poder revisitar os seus parentes e os locais da “história da família”, teve ainda como objetivo contribuir para a “preservação de uma herança cultural comum”, expressa, como mencionou, em vários sinais da arquitetura e em diferentes manifestações culturais, sendo preciso, “continuar a estreitar e desenvolver esse quadro de relações”, garantindo que agora “estamos concentrados no futuro” e na “valorização da herança comum”.
Uma herança de “500 anos de percurso comum” que deve servir para “abrir as portas a uma parceria de futuro” e não apenas “para se fixar na memória do passado”, afirmou o primeiro-ministro na cerimónia de inauguração das novas instalações do Centro de Língua Portuguesa, em Pangim, capital do Estado de Goa, lembrando o “caráter global” da língua portuguesa que em breve, como sustentou, será falada por mais de 360 milhões de pessoas, em todos os continentes, pelo que representa uma “ferramenta para a globalização”.