António Costa abre hoje ronda de negociações com BE e PCP
O primeiro-ministro recebe hoje, quarta-feira, os líderes do Bloco de Esquerda e do PCP numa primeira ronda de negociações para a aprovação da proposta do Governo do próximo Orçamento de Estado (OE) para 2021, documento que estará sobretudo virado para a recuperação económica 2020/2030, encontros que serão depois alargadas ao PAN e ao PEV.
Para António Costa, justifica-se plenamente que o Governo aposte preferencialmente em desafiar os partidos à sua esquerda para a abertura de negociações e posterior aprovação do OE para 2021, afirmando o primeiro-ministro que existe à partida um “largo campo de convergência” que importa aproveitar, lembrando que sempre defendeu que os “parceiros naturais” do PS em matéria de governação são os partidos que estão “à sua esquerda”, referindo que seria preciso “algum trabalho” para se encontrarem “divergências suficientes” para que não possa haver acordo.
Uma certeza que se reflete, como salientou ainda, nos muitos sucessos políticos, sociais e económicos alcançados pelo país nos últimos cinco anos, e que agora, perante uma nova crise, desta vez vinda do exterior, terá de ser de novo o modelo a seguir. António Costa garantiu ainda que, ao contrário do que “alguns possam temer”, a resposta adequada “não vai ser o recurso à austeridade”, mas à “união dos esforços”, que é a única solução, capaz de dar “uma resposta positiva” ao reforço da capacidade económica, que permitirá avançar com mais e melhores apoios sociais e responder de forma cada vez mais sustentada à modernização dos serviços públicos essenciais, como o Serviço Nacional de Saúde.
Quando à questão de se o Governo, perante as exigências, quer do BE, quer do PCP, poderia virar-se para o apoio do PSD na aprovação do OE para 2021, António Costa foi perentório ao reafirmar que esta é uma questão que “não vale a pena continuar a colocar”, recordando que, desde 2014, ano em que concorreu a Secretário-geral do PS, defende que a democracia portuguesa “vive da existência de alternativas”, e que o sistema partidário tem mostrado que a direita em Portugal é liderada pelo PSD, enquanto a esquerda é liderada pelo PS.
Neste sentido, referiu ainda, juntar no Governo estes dois partidos, “seria sempre um fator de empobrecimento da democracia”, reconhecendo, contudo, que haverá sempre a possibilidade de entendimentos o “mais alargados possível”, em nome do interesse nacional, em matérias como o programa nacional de infraestruturas, a política externa e de defesa, “compromissos do país para séculos” e que “transcendem aquilo que é um mandato limitado de uma maioria”.