ANÁLISE POLÍTICA
“Defendo a estabilidade fiscal e as normas anunciadas pelo Primeiro-ministro não alteram a estrutura e o elenco fiscal no seu essencial”, avançou o líder do Grupo Parlamentar do PS no seu regresso ao espaço televisivo onde participa semanalmente.
Numa avaliação das novas dinâmicas político-partidárias, Carlos César referiu que “o PS está atento” e que “não é indiferente ao que se passa no espetro partidário, mas não é um assunto que nos diga diretamente respeito”, referindo-se ao surgimento de forças partidárias criadas mais recentemente.
O surgimento dos novos partidos pretende, segundo o presidente dos socialistas, ocupar o espaço entre a radicalização do CDS e a indefinição do PSD, visto que “é difícil percecionar o atual posicionamento político” do principal partido da oposição, considerou o líder dos deputados do PS.
Carlos César referiu que parece que a oposição quer proibir o Primeiro-ministro, António Costa, de falar sobre os bons resultados da ação governativa. “Então o Primeiro-ministro não pode dizer que a economia portuguesa, no ano passado, cresceu mais do que a média europeia? Ou que apresentou o maior crescimento desde que entrámos na zona Euro?”, questionou com ironia o líder parlamentar socialista.
Carlos César salientou ainda outros resultados extremamente positivos conseguidos pela governação socialista, designadamente o crescimento superior a 2% que será alcançado este ano e os incentivos à economia na ordem de 4500 milhões de euros realizados nos últimos três anos, sendo que, segundo o presidente do PS, irão aumentar através da reprogramação do PT2020.
“A arte de falar em silêncio não está ao alcance de todos”, considerou Carlos César referindo-se à ausência do espaço político do líder do principal partido da oposição nas últimas semanas. O mesmo partido apresentou neste período duas iniciativas: uma sobre a família, que se revelou “um verdadeiro desvario orçamental”; outra sobre a área da saúde, que visava “a privatização, direta ou indireta, do sistema de saúde”, declarou o deputado socialista.
Carlos César afirmou ainda que “o PS não tem nenhuma guerra com a atual Procuradora-Geral da República, nem teve nenhuma guerra com qualquer dos anteriores procuradores-gerais”, acrescentando que, em contrapartida, o PSD “tudo fez para que Cunha Rodrigues (antigo Procurador-geral da República) deixasse de exercer o cargo”. A este propósito, o líder parlamentar socialista recordou a revisão da Constituição da República Portuguesa de 1997, “onde se introduziu, pela primeira vez, e por iniciativa do PSD, o estabelecimento de mandatos”, deixando assim “a perceção de que estes (mandatos) não deveriam ser eternizados”, acrescentou.
“Acredito que a existência de um único mandato e tornar isso uma regra – aliás, a própria procuradora-Geral da República, num discurso que fez, defendeu isso – permitirá que esse mandato não seja exercido sob a pressão da sua recondução ou não recondução”, considerou Carlos César.