Alentejo é exemplo de tecnologia e “inovação de ponta”
A governante, que participava, em Évora, na apresentação do ATL-100, o primeiro programa aeronáutico completo de Portugal, defendeu que “são projetos como este que mostram ao país que o interior não é só agricultura, não é só a floresta”, mas é também “ciência, tecnologia e empresas de ponta”.
O projeto, que “está a ser desenvolvido para a construção integral de uma aeronave no Alentejo, desde o seu desenvolvimento até à sua industrialização, envolvendo Évora, Beja e Ponte de Sor, é um exemplo” de como se pode “ter ciência” e “tecnologia, envolvendo em rede os atores importantes do território”, referiu.
A ministra dirigiu-se depois aos “‘velhos do Restelo’, que ainda dizem que no interior não há vida, que o interior está condenado”: “Venham a Évora, venham ao Alentejo ver este projeto e aprender como se faz inovação de ponta em produtos de elevado valor acrescentado”.
“A importância deste projeto na região é que estamos a falar de dezenas e dezenas de trabalhadores qualificados que vão trabalhar neste projeto e, depois, da capacitação que o próprio projeto vai ter na atividade económica, porque não vai ‘viver numa ilha’, vai precisar de fornecedores” e de “parcerias no território”, explicou Ana Abrunhosa.
Programa de “alto conteúdo tecnológico”
Também o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, elogiou o programa ATL-100 para desenvolver, fabricar e operar uma nova aeronave ligeira, numa parceria do CEiiA com a DESAER: “É um grande desafio, mas também é uma grande oportunidade e temos que olhar para as oportunidades sobretudo no momento que atravessamos”.
Lembrando que “a aviação vai sofrer grandes alterações em todo o mundo”, o governante realçou que os “projetos de nicho” como este são “o futuro”. “Este projeto tem todas as características para se posicionar hoje no contexto europeu e no contexto mundial como um projeto do futuro”, garantiu.
Admitindo que se trata de “um desafio em termos da capacidade humana e científica”, Manuel Heitor frisou que o percurso do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto com a construtora aeronáutica brasileira Embraer, que tem duas fábricas em Évora, no desenvolvimento do avião militar KC-390, e com a empresa brasileira DESAER, agora nesta ‘joint-venture’, atesta a credibilidade do projeto.
“Isto não é uma aventura, é um projeto que tem 10 anos de história [devido ao KC-390] e vai entrar numa nova fase que pode alavancar novas oportunidades” e “sobretudo criar mais de mil postos de trabalho e facilitar em Portugal o desenvolvimento e a comercialização de produtos de maior valor acrescentado, que é o que todos queremos para criar mais riqueza”, sublinhou.
O ministro salientou depois que se trata de um “projeto de alta tecnologia”: “O que é novo neste projeto é toda a industrialização e comercialização de um serviço novo de aviação leve, com baixos impactos de pegada ecológica, mas é sobretudo um programa de alto conteúdo tecnológico e, portanto, empregador de talento e de criação de riqueza”.