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Afinal o ADN não é só importante em biologia

Afinal o ADN não é só importante em biologia

Não bastava termos sido convencidos que o nosso ADN definia a nossa identidade, assim como a de todos os seres vivos e que era a molécula responsável pela transmissão de características de uma geração para a seguinte. Hoje sabemos que pequeníssimas alterações nesta molécula podem explicar doenças graves e que o rastreio dessas alterações, a que damos o nome de mutações, podem salvar muitas vidas.

Opinião de:

Afinal o ADN não é só importante em biologia

Curiosamente, falar de ADN passou a ser normal entre políticos, empresários, juristas e tantas profissões que pouco ou nada têm a ver com a genética ou a biologia. Fala-se metaforicamente do ADN de instituições, de partidos políticos, de clubes e de profissões. Até a palavra epigenética já começou a entrar no léxico de muitos de nós.

Mas recentemente, duas interessantes novas aplicações sugiram para esta molécula.

Os reservatórios subterrâneos de água, petróleo e gás normalmente formam extensas redes que podem ser alteradas em função do tempo ou das diferentes formas de extração. Conhecer estas redes de forma detalhada pode ser importante para planear como extrair estes importantes recursos naturais. Pequenas sequências de ADN com características de estabilidade aumentadas, estão a ser usadas como marcadores (tracers) para mapear estas redes subterrâneas. Os marcadores são injetados num determinado local e o seu aparecimento noutros locais significa que estes locais estão conectados subterraneamente.

Outra utilização é para o armazenamento de enormes quantidades de dados (Big Data). Usando a estrutura do ADN, que envolve quatro componentes distintos e que representamos por quatro letras (ACGT) começa a ser possível criar sequências sintéticas de ADN que depois podem ser armazenadas, da mesma forma que o código binário tem vindo a ser usado até hoje. Comparado com os discos duros que conhecemos e utilizamos quase que diariamente, o armazenamento em sequências de ADN é mais lento, mas comparável com a das pens que também usamos frequentemente. Mas a capacidade de conservação dessa informação é cem vezes superior e a densidade dos dados armazenados é de mil a um milhão de vezes superior.

As fronteiras das aplicações para o ADN não param de crescer. O limite estará na imaginação dos investigadores.