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Acordo será para a legislatura

Acordo será para a legislatura

As conversações com o Bloco de Esquerda e com o PCP vão no sentido de se alcançar um acordo que não seja apenas de investidura, mas sim um projeto de legislatura para os próximos quatro anos de exercício do Governo, defendeu Carlos César na entrevista que ontem concedeu à SIC.

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O presidente do PS começou por reconhecer que Portugal passa por uma situação “pouco comum” em consequência dos resultados eleitorais que “geraram uma nova realidade no quadro parlamentar”.

Uma realidade, como salientou, em que a formação política mais votada foi a coligação PSD/CDS, mas sem uma maioria parlamentar, e com a direita a revelar, ao longo do processo negocial, “uma enorme incapacidade de diálogo” para obter o apoio e o suporte de que necessitava.

O Presidente da República, recordou Carlos César, tem vindo a defender, desde há muitos meses, a necessidade de que das eleições saísse a constituição de um Governo que garantisse a necessária estabilidade governativa, pressuposto que, para o presidente do Partido Socialista e perante os resultados eleitorais, “não pode ser assumido pela coligação de direita” que não obteve a maioria dos mandatos, mas pelos partidos que estiveram na oposição às políticas do PSD/CDS, que recolheram mais um milhão de votos do que a direita.

Quanto à alegação de que o PS nunca manifestou na campanha eleitoral qualquer sinal de que se poderia coligar aos partidos à sua esquerda, ou avançar para o Governo com o apoio parlamentar do BE e do PCP, Carlos César desmontou este argumento, começando por lembrar que o PS sempre rejeitou qualquer aproximação às políticas da coligação de direita, e que António Costa, desde o último Congresso socialista, que vem rejeitando a ideia do arco da governação, com o argumento de que os partidos à esquerda do PS devem deixar o protesto e passar a assumir, também eles, responsabilidades governativas.

Carlos César lembrou ainda que desde a pré-campanha que o PS tem vindo a orientar a sua posição política no sentido de permitir que houvesse um diálogo com os partidos à sua esquerda, reconhecendo que tanto o BE como o PCP têm nesta fase de conversações “explicado as razões da sua mudança” nas críticas e diferenças políticas que manifestaram na campanha eleitoral em relação ao PS.

Reconhecendo ser este um período difícil e de “grande fragilidade” para Portugal, Carlos César defendeu que só um Governo liderado pelo PS, com o apoio dos partidos à sua esquerda, está à altura de poder assegurar os “critérios de estabilidade e de governabilidade”, pressupostos reivindicados há muito pelo Presidente da República.

Teve ainda ocasião para enaltecer a postura e a seriedade que os partidos à esquerda do PS têm assumido no decorrer das negociações com vista a um acordo de Governo, pressuposto que para Carlos César representa “aquilo que o PS sempre entendeu como o passo necessário e fundamental para que haja estabilidade política no país”.