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Acordo com a direita seria atraiçoar compromissos eleitorais do PS

Acordo com a direita seria atraiçoar compromissos eleitorais do PS

O PS recusa negociar um acordo de reforma da Segurança Social nos termos propostos pelo PSD, mostrando-se “perplexo” com a sugestão do líder da anterior maioria para que os socialistas abdicassem dos seus próprios compromissos eleitorais.

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Acordo com a direita seria atraiçoar compromissos eleitorais do PS

À entrada para a reunião da Comissão Nacional, que ontem teve lugar em Lisboa, o presidente do PS, Carlos César, reagiu aos desafios lançados pelo PSD no domingo, no sentido de haver acordos de regime sobre matérias de reforma da Segurança Social e sistema político, afirmando que os socialistas, designadamente em relação às propostas vindas da direita para uma revisão do sistema da Segurança Social, não estão abertos para “atraiçoar os seus próprios compromissos eleitorais”.

Declarando tratar-se de um apelo “verdadeiramente extraordinário”, sobretudo vindo de alguém, como Passos Coelho, que nos últimos anos protagonizou no Governo alguém que levou à letra a sistemática atitude de “não cumprir promessas eleitorais”, Carlos César considerou contudo importantes os passos que o PS tem vindo a dar no sentido de um efetivo reforço da transparência na vida política, mostrando total abertura dos socialistas a conversações alargadas tendo em vista a revisão do sistema eleitoral.

Recordou aos mais distraídos que a prioridade do PS e do Governo liderado por António Costa, “como sempre tem sido dito”, é garantir a “sustentabilidade dos sistemas públicos”, nomeadamente, como referiu, o da Segurança Social, pelo que seria impensável que os socialistas mostrassem qualquer abertura a um acordo que “traísse os seus próprios compromissos”.

Já quanto ao desafio do PSD para um acordo de revisão do sistema eleitoral, o presidente do PS evocou que esta matéria requer “uma aprovação de dois terços na Assembleia da República”, mostrando contudo abertura para o reforço da transparência na vida política, não deixando de sublinhar que este objetivo terá de passar em primeiro lugar pela revisão dos “mecanismos de transparência e de exercício da titularidade de cargos políticos e públicos”.

E é por aqui, disse, que todos “temos de começar a trabalhar em conjunto”, para que o país consiga “derrubar os obstáculos” que têm dificultado a que se tenha já encontrado os mecanismos para acabar com os abusos e os exercícios ilegítimos de poder e “até de corrupção”.

Reagindo com ironia ao facto de Passos Coelho reconhecer agora legitimidade política ao acordo na base do atual Governo, Carlos César não deixou de aproveitar esta nova atitude do ex-primeiro-ministro, para lembrar que se “Passos Coelho acordar de manhã e constatar que o sol nasceu, tal não constitui surpresa”. O presidente socialista afirmou, todavia, que essas declarações do líder do PSD, no fundo, “constituíram apenas uma aproximação ainda muito tosca à realidade”, como aliás ficou demonstrado, acrescentou, na forma continuada e permanente como no Congresso do PSD, em várias intervenções dos seus militantes e dirigentes, se ouviu o constante “remake” do seu próprio argumentário em relação à situação política nestes últimos meses.

PSD só pensa em cortar pensões

Também o ministro Vieira da Silva tinha já desvalorizado as propostas do PSD, frisando que esta proposta vinda de Passos Coelho “normalmente significa dizer corte nas pensões”.

Afirmando não saber muito bem do que é que o líder do PSD fala quando se refere à reforma da Segurança Social, Vieira da Silva garante que o Governo “tem uma opinião distinta”, da defendida por Passos Coelho, repetindo que a forma mais adequada para responder aos desafios e problemas do sistema de Segurança Social é “mais e melhor economia e mais e melhor emprego”.

Para o ministro, estar sempre a falar dos riscos da Segurança Social, como têm feito PSD e CDS, “só contribui para a sua descredibilização”, sublinhando que o sistema tem muito mais qualidades e importância na vida das pessoas, razão porque “tem de ser preservado”.