Ação do Governo desmente promessa de combate às desigualdades
Num retrato do país muito diferente daquele que é feito pelo Governo, vários deputados do PS questionaram o primeiro-ministro sobre as áreas mais sensíveis e preocupantes do Estado da Nação e dos círculos eleitorais que representam.
O deputado Pedro Delgado Alves acusou Pedro Passos Coelho de deixar um legado que “desmente fervorosamente” a sua promessa de combate às desigualdades, “em especial nos domínios da educação e ciência, áreas que o Governo abandonou à sua sorte”.
José Junqueiro, eleito por Viseu, confrontou o primeiro-ministro com o número de desempregados no distrito. O deputado denunciou que 58% dos desempregados inscritos nos centros de emprego não tem qualquer tipo de prestação.
Sobre a emigração, a deputada Odete João lembrou os cinco mil enfermeiros portugueses que emigraram para o Reino Unido. “Pode Portugal prescindir do trabalho destes e de outros técnicos altamente qualificados”, perguntou.
O Norte do país foi lembrado pelo deputado Renato Sampaio, que criticou a “incompetência” do Executivo por ter transformado o “Porto e o Norte de capital do trabalho em capital do desemprego”. Renato Sampaio apontou o abandono de instituições, como o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária em Vairão que, “com sofisticados equipamentos de investigação, é hoje um depósito de pessoas”, não cumprindo a sua missão de investigar.
De Setúbal, Eurídice Pereira lembrou que a maior carga fiscal foi atingida com este Governo de direita: 37% do PIB.
Vitalino Canas criticou o Governo por ser “um dos principais obstáculos a um acordo com a Grécia”, o que demonstra “desprezo pelo valor europeu da solidariedade” e “contraria os interesses nacionais”.
As privatizações dos transportes foram criticadas por Rui Paulo Figueiredo, que acusou o Governo de estar em conflito com as autarquias de todos os partidos e com os trabalhadores.
Nuno Sá falou na “total degradação dos cuidados de saúde primários”, acusando o Governo de retirar as condições e recursos para que a saúde possa chegar a todos.
As dificuldades vividas no distrito de Vila Real no acesso à Justiça foram lembradas por Agostinho Santa, que acusou o Governo de ter encerrado 41,6% dos tribunais e retirado aos restantes grande parte das competências.
Pelo distrito de Santarém, Idália Serrão denunciou a falta de condições no bloco operatório do hospital, para os profissionais de saúde e para os pacientes.
Mota Andrade lembrou que o Governo quis retirar o helicóptero de Macedo de Cavaleiros, o mais requisitado para emergências médicas, tendo recuado na decisão depois da decisão em contrário dos tribunais, criticando a “hipocrisia” do Executivo.
O deputado Paulo Pisco criticou a destruição no ensino do Português no estrangeiro, que é “fundamental para a valorização e expansão da língua”.
O Relatório de Primavera de 2015, apresentado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde, foi apontado pelo deputado Jorge Fão como a falta de aposta do Governo na área da Saúde. O documento “traça um retrato preocupante de perda de capacidade e de qualidade na resposta de diversas áreas do SNS”.
Filipe Neto Brandão lembrou o caos com o Citius, que trouxe graves consequências à área da Justiça, cujos dados estatísticos imprescindíveis à monitorização do sistema ainda não estão disponíveis.