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À VOLTA DO ORÇAMENTO

À VOLTA DO ORÇAMENTO

O OE 2018 já foi aprovado na generalidade. A votação final global, no dia 27, será a aprovação definitiva. A afirmação de Passos de que não podem contar com o PSD se as coisas correrem mal à 'geringonça' na especialidade, o que acha possivel, é, no mínimo, surrealista.

Opinião de:

À VOLTA DO ORÇAMENTO

As suas previsões são desastrosas. Não acerta uma. A título exemplificativo, recordo duas – a vinda do diabo e a de que haveria legislativas antes das autárquicas. Dois falhanços totais! O primeiro-ministro disse, no debate parlamentar, que o PSD devia deixar os diabos e fantasmas e acordar para realidade. O diabo não esta cá, e o PSD não consegue esconder a sua enorme frustração, salientou. No sábado, no Porto, numa sessão com militantes, em que a governação de Passos foi denominada Idade das Trevas, Costa negou que o OE seja eleitoralista, interrogando-se: então, um bom Orçamento tem que ser mau para os portugueses?  

As dúvidas da Comissão Europeia sobre o OE 2018 e os esclarecimentos que pediu parecem-me inadequados. A Europa não é um conjunto de Estados federados. Cada país tem a sua independência e soberania próprias, que devem ser respeitadas. As ingerências dos alemães, que pontificam na Comissão Europeia, na vida interna dos outros povos são inaceitáveis. Há que repudiá-las. Compreende-se que Mário Centeno tenha respondido a Bruxelas, por uma questão formal, mas Portugal deve ser livre de elaborar os seus Orçamentos e fazer as suas opções. O cumprimento das regras europeias é questão que nos diz unicamente respeito e o primeiro-ministro tem sempre afirmado que o acordo de esquerda não põe em causa os compromissos europeus. Não precisamos de ser tutelados nem vigiados pela Comissão Europeia. A Europa tem outros problemas bem mais graves que deveriam preocupar os alemães. 

O acordo de esquerda com a aprovação do Orçamento – a votação final global não trará surpresas – vai sair reforçado. Jerónimo de Sousa já disse que a legislatura é para cumprir e Francisco Louçã diz que a valsa se dança a três. Perante a ameaça de um hipotético bloco central – o líder comunista falou mesmo em movimentações da direita nesse sentido – que traria de novo o PSD ao poder, a nossa esquerda prefere unir-se e impedir o regresso da direita. Sempre defendi a atual solução política e so formulo votos para que seja a mais duradoura possível. Os portugueses ficaram vacinados contra a direita. Não creio que a nova liderança do PSD, qualquer que ela seja, consiga esbater a péssima imagem que o partido deixou na opinião publica. A herança de Passos Coelho é, sem dúvida, muito pesada. Ele fez definhar o PSD. Causou-lhe danos porventura irreparáveis.

A pequena dissonância entre o Governo e o Presidente, como lhe chamou Carlos César, seria, obviamente, tema obrigatório da recente entrevista que António Costa deu à TVI. O primeiro-ministro deseja manter um bom relacionamento institucional com o Presidente – seria uma enorme perda se isso não acontecesse, disse – e fez questão em sublinhar que da parte dele não há crispação nenhuma. Bem vistas as coisas, e corroborando o que Costa afirma, foi Marcelo quem desenterrou o machado de guerra, o que não quer dizer que não possa ser de novo enterrado. O Governo já conviveu com dois Presidentes, recordou o primeiro-ministro e, também, Augusto Santos Silva no Expresso. Não cremos que a coabitação tenha os dias contados. Pelo contrário, achamos que a harmonia institucional é possível e desejável. O país só ganha com isso. Mas a esquerda é mais importante para o PS do que o Presidente.