A União Europeia tem de reforçar os laços com os EUA
Para o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, “é um erro” que a Europa pagará caro se apostar num distanciamento em relação à Administração norte-americana, com a justificação, defendida por alguns países europeus, do estarem em desacordo com as políticas defendidas por Donald Trump, uma posição que Augusto Santos Silva garante que Portugal nunca terá.
Para o ministro português dos Negócios Estrangeiros, apesar de haver “gente apostada”, quer nos Estados Unidos da América, quer na Europa, em marca uma posição de maior distância mútua, trata-se, como defendeu, não só de uma tese errada, mesmo de “erro monumental”, lembrando que as diferenças de opinião “que existem”, não podem desbaratar ou impedir a importância do “elo transatlântico”, até porque, como acrescentou, “a ordem internacional”, “precisa que a aliança entre as democracias do Atlântico Norte seja firme e ativa”, posição que Augusto Santos Silva garantiu ter manifestado pessoalmente ao secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros regressa amanhã a Portugal depois de uma visita de cinco dias aos Estados Unidos da América, uma semana antes da deslocação anunciada do Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, a Washington onde terá um encontro com Donald Trump, na Casa Branca.
Quanto ao facto de os EUA estarem ou não a respeitar os direitos humanos na forma como estão a lidar com os imigrantes, Augusto Santos Silva remeteu a sua resposta para a posição assumida pelo Governo português anunciada pelo primeiro-ministro, na passada semana no Parlamento, durante o debate quinzenal, quando António Costa declarou se “inaceitável a separação e a detenção de crianças e dos respetivos pais”.
Acordos comerciais
Em relação às trocas comerciais entre os dois blocos económicos, Augusto Santos Silva exibe um otimismo moderado, lembrando que a disponibilidade anunciada por Washington em negociar com a União Europeia, mostra que é possível ter uma esperança prudente de que o presidente norte-americano acabará por “rever a sua posição”, de querer criar novas taxas alfandegárias aos produtos exportados pela Europa para os Estados Unidos da América.
Outra possibilidade que também se abre, ainda na perspetiva do Ministro dos Negócios Estrangeiros, reside no facto de a União Europeia ter já solicitado à Organização Mundial do Comércio (OMC) a abertura de um processo negocial que os Estados unidos da América, já aceitaram, abrindo-se aqui, como referiu o ministro português, uma nova porta, que “sendo ainda estreita”, há todas as condições para que a “possamos abrir um pouco mais”.