A TAP e a herança do PSD/CDS
O líder do PSD diz mal de tudo e de todos, mesmo quando não motivos para isso. É o discurso do cangalheiro, como disse, há tempos, Carlos Encarnação, acrescentando que Passos precisa de uma licença sabática. Lacerda Machado também lhe respondeu, dizendo que não tem vergonha, mas orgulho em integrar a administração da TAP, na qual figura como representante do Estado. A nomeação foi legítima e transparente e, ainda mais, se tivermos em conta que cessa a assessoria no Governo. O primeiro-ministro, na altura no Brasil, e por estar no estrangeiro, não quis fazer comentários, limitando-se a dizer que a decisão estava tomada e que não via razão plausível para polémicas. O facto de Lacerda Machado ser amigo de Costa não é, para mim, motivo impeditivo ou criticável na nomeação. Se o fosse, o mundo estaria às avessas. Por algumas reações que leio e ouço, fruto de um certo histerismo, fico com a sensação de que um amigo de político deveria ser proscrito e perder os direitos de cidadão.
Um inimigo ou neutro, pelo contrário, ficariam habilitados a todas as benesses e mordomias, podendo ser nomeados para qualquer cargo sem polémicas. Não pode ser. Seria uma inversão chocante. Quase equivalia a dizer que é melhor praticar o mal do que o bem! Em Portugal, parece, de facto, que os amigos dos políticos são encarados, não por todos, felizmente, como leprosos, o que é deveras lamentável. Tal como a afirmação de Passos de que o atual Governo vive da herança anterior e não se tem esforçado. Nada mais falso. A herança do PSD/CDS foi bastante pesada e não se pode viver dela. Passos e Portas deixaram-nos um país vendido ao desbarato, com os portugueses roubados e enganados, o Serviço Nacional de Saúde praticamente destruído, com as urgências hospitalares caóticas, a educação em estado lastimável, com atrasos incríveis na abertura dos anos letivos, e os cidadãos com pouca confiança nas instituições. Mas que herança! Costa está a construir, e bem, sob os escombros.