À primeira todos caem, à segunda cai quem quer
Não é nada que surpreenda os mais avisados. Na campanha eleitoral 2011, o PSD e Passos Coelho lançaram um conjunto de falsas promessas, cobrindo os eleitores com o manto diáfano da fantasia: no seu governo não haveria aumento de impostos, nem corte de salários e de pensões de reforma. As “gorduras do Estado” chegavam e sobravam para controlar o défice orçamental e a dívida pública. Mal ganhou as eleições, no dia da tomada de posse, a nudez crua da verdade caiu sobre a maioria dos portugueses. E seguiram-se quatro anos de desmedida fúria contra os mais fracos, empobrecendo a maioria dos portugueses, aumentando as desigualdades, provocando desemprego e emigração, espezinhando direitos.
Por estes dias, a coligação da direita radical – o PSD/CDS – segue o mesmo guião de 2011. Agora, mais descarado. O ainda primeiro-ministro toma os portugueses por parvos e, sem ter apresentado qualquer programa da coligação (o único que se conhece é o documento enviado pelo governo para Bruxelas em que insiste na austeridade e nos cortes na segurança social), vai distribuindo enganos e engodos, como se estivesse na oposição ao seu próprio seu governo. Todos os dias há uma miragem, uma mentira, uma promessa, como em 2011: ora, promete a devolução da sobretaxa do IRS, sabendo que não haverá excedente na cobrança de imposto que o permita; ora promete a recuperação dos “rendimentos dos portugueses nos próximos quatro anos”, sabendo que, se mais não fosse, o aumento de impostos, sobretudo do IRS e do IVA, destes últimos anos, faz desta promessa uma falácia.
A direita que ainda nos governa não mudou. Passos Coelho continua a pensar que a maioria dos portugueses “vivem acima das suas possibilidades”, pelo que ainda “aguentam” mais sacrifícios; que devem “sair da sua zona de conforto” e emigrarem para aliviar o desemprego; que as funções essenciais do Estado, sobretudo educação, saúde e segurança social devem ser reduzidas e transferidas para a iniciativa privada. Passos Coelho não mudou. Apenas subiu ao palco para representar o papel de candidato a primeiro-ministro, como em 2011. Nesse papel, já provou que o engano não tem limites: vale tudo. Mas, se da primeira vez foi uma tragédia, agora, na segunda, não passa de uma farsa. Ou seja: à primeira todos caem, à segunda cai quem quer.