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A PAISAGEM CULTURAL DE SINTRA

A PAISAGEM CULTURAL DE SINTRA

Vinte anos passaram. Recordo bem os preparativos, os contactos diplomáticos, a ansiedade e as emoções daquele dia 6 de dezembro de 1995. Como esquecer a alegria daquele momento único? Foi às 11 horas e 5 minutos que Sintra foi classificada como Património Mundial na categoria “Paisagem Cultural”, durante a 19ª sessão do Comité do Património Mundial da Unesco, reunido em Berlim. Foi a realização de um sonho há muito ambicionado.

Opinião de:

A PAISAGEM CULTURAL DE SINTRA

O processo começou nos finais dos anos 80, quando a Câmara Municipal de Sintra aprovou uma proposta para candidatar a vila e a sua serra a Património Mundial. Como consequência de atrasos e incorreções processuais, a candidatura foi retirada para evitar uma reprovação irreparável. No início do meu mandato, o dossiê de candidatura foi reformulado e enriquecido com testemunhos de especialistas e escritores de renome. O Dr. Cardim Ribeiro coordenou com competência e profissionalismo o dossiê técnico e foi adotada uma estratégia de divulgação e valorização desta paisagem singular e fonte de inspiração de artistas, poetas e pensadores. E assim se converteu uma candidatura anteriormente indeferida numa exemplar classificação que conferiu a Sintra a distinção que lhe era devida.

Relembro as felicitações dos membros do Comité, sobretudo do embaixador de Itália, inicialmente relutante no apoio – talvez por desatenção, uma vez que a bela cidade de Siena também era candidata – e que se tornou o nosso melhor aliado, usando da palavra para sublinhar a autenticidade, a singularidade e o harmonioso sincretismo entre o património construído e o património natural da paisagem sintrense. Na difícil e indispensável ação diplomática, contei sempre com o inestimável apoio do embaixador Moya Ribera, cuja memória evoco para uma póstuma homenagem. 

Recordo também os primeiros telefonemas para Portugal a partilhar a notícia (os telemóveis eram raros e pesados): para a Câmara (pedindo que, como previsto, os sinos de todo o Concelho tocassem para anunciar a boa nova); para o Presidente da República Dr. Mário Soares (um presente na véspera do seu aniversário, disse-lhe), também ele munícipe e confesso “apaixonado por Sintra, pelo sortilégio de um lugar único”, o glorious Eden cantado por Lorde Byron; para o primeiro-ministro Eng. António Guterres, também ele um frequentador e admirador da paisagem mágica da serra e dos monumentos carregados de história da nobre vila de Sintra.

Vinte anos passaram. O Partido Socialista reconquistou o município. Com o Dr. Basílio Horta na Presidência da Câmara e o Dr. Domingos Quintas na Presidência da Assembleia Municipal, posso convictamente afirmar que o Concelho de Sintra se encontra em boas mãos e que sua paisagem cultural vai ser preservada e valorizada para usufruto e orgulho não apenas dos sintrenses, mas de todos os portugueses, e para fruição dos muitos visitantes e reconhecimento da Humanidade.