Em entrevista concedida à RTP3, Carlos César abordou a crise política que se desenrolou nas últimas semanas, afirmando ter ficado claro que Luís Montenegro quis eleições, particularmente a partir do momento em que se viu confrontado com a necessidade de esclarecer as suspeições relativas à sua conduta.
“O primeiro-ministro quis fugir ao escrutínio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e achou por bem forçar eleições antecipadas”, assinalou.
Na ótica do presidente do PS, quando as questões que impediam sobre a sua empresa se colocaram, com impacto na avaliação da sua idoneidade, o chefe do executivo poderia ter adotado outro comportamento disponibilizando-se para responder a todas as perguntas.
“Não fazendo isso, já não é com conferências de imprensa, declarações públicas ou discretas reuniões partidárias que, de forma transparente, se esclarece os portugueses. Porque é um esclarecimento a que os portugueses têm direito”, argumentou.
Carlos César vincou também que, no decurso dos últimos 11 meses, o PS “apostou fortemente na estabilidade política”, desde logo no programa de Governo, na negociação que viabilizou o Orçamento do Estado e no chumbo de duas moções de censura.
“O PS deu provas suficientes de, independentemente de não confiar no Governo e de não apoiar a política do Governo, entender que o seu mandato devia prosseguir com a normalidade possível. Quando o Governo apresentou a moção de confiança, sabia qual era o posicionamento do PS. A apresentação da moção de confiança foi a apresentação de uma demissão antecipada”, apontou.
“A verdade é que o culpado da situação que estamos a viver é senhor o primeiro-ministro e a consequência que retirou de todo este processo, com vista à convocação de eleições antecipadas, também é da sua exclusiva responsabilidade”, completou o presidente do PS.
PS unido para ser alternativa política
Na entrevista, Carlos César afirmou também que o PS se apresenta forte e unido para estar, uma vez mais, à altura das circunstâncias que a situação do país exige.
“Desde o seu último Congresso, eu nunca vi o Partido Socialista tão unido, tão participado e tão ativo como hoje está. Isso é muito importante, desde logo, da qualificação do PS como alternativa política”, notou.
E não teve dúvidas sobre quem, entre os líderes dos dois principais partidos, estará em condições para ser um melhor primeiro-ministro. “Pedro Nuno Santos tem qualificações que conheci em poucos candidatos à liderança do PS, tem uma formação muito aprofundada e sobretudo tem um sentido do que se deva fazer para o nosso país”, concluiu o presidente socialista.