A marcha das mulheres na América!
No passado fim-de-semana, a “Marcha das Mulheres”, com a participação de mulheres e homens, personalidades do cinema, das artes, da política, da economia, engrossaram a manifestação que tende a tornar-se num movimento político de empowerment de chegada das mulheres ao poder, de reivindicação de direitos cívicos de igualdade e de não discriminação.
As politicas da igualdade do género, da administração Trump foram marcadas por cortes de financiamento e constrangimentos no acesso a cuidados de saúde para as mulheres, nas áreas do planeamento familiar, interrupção voluntária da gravidez, chegando mesmo a ser proibidas as ajudas externas a organizações humanitárias que incluíssem o aborto nos seus cuidados de saúde.
Donald Trump reagiu, à manifestação do fim-de-semana, ao seu estilo, no Twitter, entre o cinismo politico e a linguagem sexista, transformando esta manifestação numa passeata de mulheres que aproveitaram o “tempo magnífico para marcharem e celebrarem os efeitos do sucesso económico sem precedentes, nos últimos 12 meses”, com um nível de desemprego feminino mais baixo nos últimos 18 anos.”
Donald Trump não percebeu a força da “marcha das mulheres”, não percebeu e emergência do movimento cívico de protesto contra as às politicas de discriminação, com base no género, na raça, na religião, na origem geográfica, na condição social, não percebeu a importância das recomendações da ONU e do planeta 50/50. Uma das mensagens fortes, proclamadas pelo movimento – “Power to the Polls” (Poder às urnas), tem como objetivo estimular a votação e potenciar a participação das mulheres nas eleições intercalares de mandato, em novembro. Pretendem registar um milhão de novos eleitores para eleger candidatos/as que defendam os direitos das mulheres. É uma marcha para a mudança.
Por cá, em sentido oposto à politica de Donald Trump, entrou em vigor o regime de representação equilibrada, entre mulheres e homens, nos órgãos de administração e fiscalização das entidades dos setor publico e empresarial e das empresas cotadas em bolsa: no setor empresarial do Estado, 33,3%, a partir de 01/01/2018 e nas empresas cotadas em bolsa, 20%, a partir da 1.ª assembleia geral eletiva após 01/01/2018 a 33,3%, a partir da 1.ª assembleia geral eletiva após 01/01/2020, uma medida exemplar do Governo que vai mudar o panorama nas lideranças nos órgãos de decisão das empresas.
De acordo com o estudo “A Gestão em Portugal 208-2017”, da Informa D&B, onde foram analisadas 304 mil empresas não financeiras e 398 mil gestores, entre os órgãos sociais e diretores de 1ª linha, constata-se que dois terços dos gestores são homens, que representam 74% das funções de direção. O género feminino continua sub-representado na liderança e gestão das empresas. Se considerarmos a dimensão das empresas, o gap ainda é maior – apenas 8% de mulheres lideram as empresas com um volume de negócios superior a 50M€.
A marcha das mulheres em Portugal também caminha mas com um Governo e um Partido que há muito souberam interpretar o papel das mulheres na sociedade.