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A Europa tem de manter e defender os seus valores

A Europa tem de manter e defender os seus valores

“Nada é mais importante para a Europa do que preservar e saber defender os seus valores”, afirmou ontem o primeiro-ministro, em Boston, no segundo dia da sua visita oficial aos Estados Unidos da América, a propósito da recente recusa do Governo italiano em receber um navio com 629 refugiados.

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A Europa tem de manter e defender os seus valores

O primeiro-ministro, António Costa, reagia à recusa do novo Governo italiano em autorizar que um navio com 629 migrantes pudesse aportar num porto do sul do país, sugerindo que deveria ser Malta a acolher os refugiados, solução que o Governo maltês alienou, alegando que a responsabilidade desta operação é de Itália, porque as operações de salvamento dos migrantes, como defendeu, “ocorreram numa zona marítima coordenada por Roma”.

Para António Costa, a solidariedade, que é um valor fundador da própria União Europeia, não pode apenas ser reivindicada no “momento da distribuição dos fundos europeus”, devendo também existir no “esforço que todos temos de fazer para partilhar aqueles refugiados que procuram a Europa”.

Com efeito, lembrou ainda o primeiro-ministro, se todos os países da Europa resolverem de um dia para o outro fechar as suas fronteiras, não só “não vamos ter uma Europa melhor”, como, seguramente, “teremos uma Europa mais afastada dos seus verdadeiros valores”, sustentando que o Governo português, que lidera, entende que a política de encerramento de fronteiras “é contrária aos valores da União Europeia”.

Perante este impasse, o novo Governo socialista de Espanha já se ofereceu para acolher os migrantes a bordo do navio ‘Aquarius’ no porto de Valência, uma decisão que partiu direta e pessoalmente do primeiro-ministro do PSOE, Pedro Sánchez, aconselhando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, que a iniciativa espanhola deve ser compreendida como um “gesto que procura impedir que os países ignorem a situação dos refugiados ao permitir que um membro da União Europeia lide com o problema enquanto os restantes descartam responsabilidades”.

O caso português

Em relação ao Portugal, António Costa fez questão de salientar que o país tem assumido uma responsabilidade “muito para além da sua quota”, aconselhando a Europa a “refletir sobre a razão de este sistema não ter funcionado”, lembrando aos mais distraídos que a solução não está em “pegar em refugiados e colocá-los noutro lado”, porque não se trata de mercadoria, mas de seres humanos “com projetos de vida”.

Na ocasião, o primeiro-ministro lembrou ainda o exemplo dos refugiados sírios que em Portugal estão a frequentar o ensino superior, que passaram a ter “um projeto de vida”, pois todos “têm possibilidade de continuar os seus estudos”, cenário que lhes estava vedado no seu próprio país e, ao contrário, como sublinhou ainda António Costa, dos que são “colocados de forma aleatória”, sem qualquer perspetiva de poderem encontrar um posto de trabalho ou de se juntarem aos amigos ou à família noutros países.