A direita europeia anda nervosa
A desorientação e a incongruência, que já nos vamos habituando a constatar e a ouvir em Portugal por parte dos apaniguados da coligação de direita PSD/CDS, ganham uma dimensão mais desconcertante quando posições e opiniões semelhantes vêm de deputados de outro país membro da União Europeia.
Vem isto a propósito da intervenção feita ontem em Estrasburgo pelo líder do Partido Popular Europeu, o alemão Manfred Weber, que, revelando parco conhecimento de Portugal e da profundidade da tragédia em que a direita transformou a vida dos portugueses, resolveu improvisar e servir de caixa-de-ressonância à coligação de direita PSD/CDS, tendo manifestado a sua “preocupação” com a situação em Portugal e criticando a “participação de partidos extremistas de esquerda” num futuro Governo, liderado por António Costa.
As reações a estas afirmações não se fizeram esperar, e foram muitos os deputados da bancada do Partido Socialista Europeu que pediram a palavra para contestar esta intervenção do líder conservador europeu.
O deputado português Carlos Zorrinho lembrou o que António Costa tem vindo a repetir à saciedade: que a liderança do PS no futuro Governo de esquerda “não colocará em causa os compromissos assumidos por Portugal, nem quando à permanência do país na Europa, nem em relação à zona euro”.
Também um deputado socialista húngaro acusou Manfred Weber e os restantes deputados do seu partido de terem aplaudido entusiasticamente no recente Congresso do PPE as “posições populistas” e “anti-europeias” do primeiro-ministro húngaro, e de terem elegido, para vice-presidente do seu grupo parlamentar, um membro do partido de Viktor Orbán, afirmando que o PPE não tem moral para acusar os socialistas de extremistas.
O líder do partido espanhol “Podemos”, Pablo Iglésias, também criticou a intervenção de Manfred Weber quando se referiu a Portugal, aconselhando-o a “respeitar as regras da democracia” e a “aprender” que, por vezes, os “cidadãos europeus querem e votam em coisas diferentes daquilo que o PPE quer e representa”.