A DERIVA DO PSD
Li, no fim-de-semana, que Marcelo teme que Lisboa destrua a direita para 2019. Admito que assim seja, mas acho, sinceramente, que a direita já está destruída. Ou melhor, autodestruiu-se! Primeiro, com os sacrifícios desumanos e cruéis que exigiu aos portugueses, pondo-os a pão e água. E agora com a sua violência verbal e falta de compostura mais próprias de delinquentes do que de políticos responsáveis.
Foram, sem dúvida, dias negros para o PSD. Além da péssima escolha, que foi Teresa Leal Coelho, surgiram notícias de que Luis Montenegro, o delfim de Passos Coelho, pode ser atingido pelas incompatibilidades no Parlamento. Dizem que é socio de uma empresa que tem contratos com entidades públicas. A confirmar-se a incompatibilidade, será um mau começo para quem aspira à liderança. Ficaria uma mancha difícil de apagar. Se este caso está a ensombrar a presumível candidatura de Luís Montenegro a presidente do PSD, não é menos verdade que este partido parece andar à deriva. Senão, vejamos: Passos Coelho está muito fragilizado por causa das autárquicas, que devem ser o seu fim. Luís Montenegro atravessa também um momento difícil, como já referi. Rui Rio desapareceu da cena e as suas hesitações são sobejamente conhecidas. Por exclusão de partes, pensando na liderança do partido, fica Maria Luís Albuquerque.
Não creio, porém, que seja solução. Pode ser uma boa técnica, como dizem, mas tenho sérias dúvidas. Ainda muito recentemente, considerou razoáveis os motivos que levaram uma agência financeira a manter Portugal no lixo. Afinou pelo mesmo diapasão do inefável Schauble, que teve uma resposta pronta e irrefutável do nosso primeiro-ministro. Se as qualidades técnicas de Maria Luís fossem inquestionáveis, o que está longe de ser verdade, ela, mesmo assim, teria um grande handicap – politicamente falando, vale zero! Penso que o PSD não quer ter uma aberração política na sua liderança. É este panorama desolador que me leva a dizer que aquele partido anda à deriva. Ocorre-me, a propósito, uma afirmação recente de Sampaio, de que estava farto de Santana Lopes, porque pôs o país à deriva. Mas agora não é só Sampaio que se fartou do ex-primeiro-ministro. São os portugueses que estão fartos do PSD!