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A Cultura em rede

A Cultura em rede

Fomos muito próximo de António Coimbra Martins, com quem trabalhamos, e que foi Ministro da Cultura entre 1983 e 1985. Nesses anos o país tinha inúmeras dificuldades para fazer face ao essencial, a cultura era muito localista, sofrida ainda com a revolução.

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As redes limitavam-se ao papel da Fundação Calouste Gulbenkian, na politica de extensão para o livro e para a música. Mesmo o INATEL sofria de inúmeras limitações, restando a promoção desportiva. Por isso, Coimbra Martins não terá ficado na história, com muita pena nossa. 

Ao longo destes anos de democracia houve ministros da Cultura que se afirmaram. Alguns pela inovação, outros pela consolidação. Lucas Pires foi o primeiro a ver para além do retângulo, apostando na afirmação de Portugal e incentivando projetos culturais como os que as grandes instituições financeiras estavam a fazer nascer; Manuel Maria Carrilho lutou e venceu para a atribuição de fundos comunitários e concebeu a política das redes nos equipamentos para o teatro, o livro e a música. Esta política foi consolidada, mesmo que por pouco tempo, por Augusto Santos Silva, na visão integradora dos recursos já disponíveis. Depois desses tempos pouco se deu, até porque Gabriela Canavilhas, de quem sempre esperei muito, teve o azar de entrar num governo de muitos cortes financeiros e de instabilidade na decisão.   

João Soares foi a escolha para Ministro da Cultura do atual executivo. Muitas questões, mais pela surpresa. Pela nossa parte sempre entendemos que tinha sido um tiro certeiro. 

Com a sua experiência de autarca da capital, com o sentido político apurado para saber ao que vêm os procurados dos subsídios; com uma leitura transversal do fomento cultural e das bases centrais que interessa garantir para um serviço de promoção que chegue a todos os públicos, Soares vai ser um governante que vai ficar no registo sem precisar de reforço orçamental. 

O ministro sabe que em Portugal nunca se fez tanta produção cultural como hoje, que nunca se investiu tanto como por estes dias. E o que falta? Que todos os agentes se coloquem de acordo quando a um plano mínimo. Mais do que tudo, importa garantir que a informação chega a todos os públicos, que a oferta cobre todos os objetivos, que os recursos existentes são bem utilizados pelos operadores, sem perdas. 

Nestes poucos meses deixamos de ouvir o barulho das luzes que nunca se aquietou perante a falta de cultura da Cultura. Porque é difícil lutar contra um “touro político” que sabe o quer e sabe o que faz como é João Soares. Ainda por cima esse “touro” gosta de touros. Nós também!