home

A Alternativa à Depressão Profunda

A Alternativa à Depressão Profunda

Os últimos quatro anos foram diferentes de toda a nossa história de quatro décadas de democracia. Não vivemos uma mera experiência de governação conservadora no quadro da normal alternância democrática.

Opinião de:

A Alternativa à Depressão Profunda

Partindo da abertura de uma crise política interna e aproveitando os efeitos da mais profunda recessão económica internacional desde a II Guerra Mundial, a direita portuguesa lançou-se num processo de ajuste de contas com os equilíbrios do consenso social que permitira a maior fase de estabilidade e crescimento económico de sempre em democracia e iniciou um verdadeiro processo de alteração da natureza do Estado e das caraterísticas do sistema económico.

A deliberada destruição de ativos estratégicos do Estado sem salvaguarda do interesse público, o apoio público ao alargamento da atividade da saúde privada e a tentativa de fragilização da qualidade e do prestígio do ensino público e a deliberada abertura de uma sórdida guerra de gerações entre jovens e idosos, empregados privilegiados e precários ou desempregados sem direitos, tudo isto criou um ambiente de corrosão social de que levaremos muito tempo a sarar as feridas.

A escolha de outubro não é uma vulgar opção entre partidos ou personalidades candidatas a Primeiro-Ministro. É uma escolha entre a desistência e a abulia coletiva perante o esvair das referências coletivas, privilegiando um Estado mínimo ao serviço da dinâmica irracional de mercados sem rosto nem Pátria ou a reconstrução de uma agenda de esperança, de respeito pela dignidade do trabalho e pela mobilização da iniciativa, do orgulho na qualificação das pessoas e de uma visão clara do que queremos para Portugal num horizonte de dez anos.

Todo o discurso deletério sobre a semelhança entre os políticos, o estímulo à banalização ignorante das propostas em confronto e a promoção encapotada da abstenção são formas ínvias de desvalorizar a participação democrática e a dramática relevância da escolha a fazer a 4 de outubro.

Perante a vulgarização da decadência e do desrespeito pelas pessoas não basta mudar de cenário. É decisivo dar a António Costa a força para fazer diferente e para corresponder ao apelo fundamental de “correr com eles”.