Na entrevista que concedeu, ontem à noite, no Telejornal da RTP1, o Secretário-Geral do PS assegurou que os socialistas têm novas propostas para o país, mas que não descartarão “o trabalho que foi feito no ano passado”.
“As prioridades serão economia, saúde e habitação”, apontou, vincando desde logo que “só vamos poder viver melhor em Portugal com melhores salários e se formos capazes de transformar a nossa economia”.
O primeiro passo para essa transformação, afirmou o líder do PS, passará pela elaboração de um novo ‘relatório Porter’ “que identifique os setores e as áreas tecnológicas onde já temos competências instaladas, mas onde devemos apostar e qualificarmo-nos”.
Sublinhando que o Partido “não tem nenhum dogma com as parcerias público-privadas na área da saúde”, Pedro Nuno Santos clarificou que as cinco anunciadas na passada semana pelo Governo da AD para hospitais públicos e as 170 para centros de saúde não chegarão a ser concretizadas, pelo que não será preciso recuos, caso o PS seja o próximo Governo.
Sobre a necessidade de um maior investimento na Defesa, o líder socialista garantiu que o objetivo de 2% do PIB “é para cumprir”, sublinhando não existir “nenhuma dificuldade orçamental para isso”.
Todavia, avisou que ir além dessa meta exigirá uma análise muito aprofundada, “porque o que não podemos fazer é pôr em causa o Estado social, a saúde e a educação”.
PS trabalha no cenário de vitória
Já a propósito do período de campanha que se aproxima, Pedro Nuno Santos reiterou que os socialistas querem “discutir os problemas do país, as diferenças de projetos, mas também as diferenças de liderança”.
Isto, precisou, porque “não tendo de ser central ou de ocupar todo o espaço, não é possível ignorar o papel que devem ter a ética e a transparência na ação política nem o que nos fez ir para eleições”.
Questionado sobre a possibilidade de haver reciprocidade da parte dos sociais-democratas no caso de haver um governo socialista sem maioria, Pedro Nuno Santos foi perentório ao afirmar que “o PS só trabalha no cenário de vitória”.
“O que tenho sentido nas ruas, junto dos portugueses, é que o Partido Socialista tem fortes possibilidades de ganhar” no dia 18 de maio, apontou, frisando, contudo, que numa hipotética governação minoritária do PS, “o PSD deve dar estabilidade aos portugueses”.
Exigência pela transparência
Quanto ao estado das relações com Luís Montenegro após o chumbo da moção de confiança do executivo da AD e as declarações decorrentes, Pedro Nuno Santos garantiu que elas são “institucionais” e que se mantêm “como devem manter-se as relações entre um líder da oposição e um primeiro-ministro”.
“Eu não fiz mais do que aquilo que um político em Portugal deve fazer e pedi explicações”, pontualizou o Secretário-Geral do PS, recusando liminarmente qualquer responsabilidade partilhada na precipitação do país para novas eleições legislativas antecipadas ou numa alegada degradação das relações entre oposição e executivo.
“Não fiz mais do que a minha obrigação”, reforçou o líder socialista, referindo que o combate político e a exigência pela transparência nas respostas “não podem ser encarados como um problema”.
“Fazem parte da vida política e da vida democrática”, rematou.